Goiânia, 07 de novembro de 2005.

AVALIAÇÃO DO PRÉ-NATAL EM INDÍGENAS SURUÍ, RONDÔNIA

Mauricio Viana Gomes de Oliveira

Ana Lúcia Escobar

Carlos E. A. Coimbra Júnior

Do ponto de vista sócio-demográfico e reprodutivo, as mulheres indígenas caracterizam-se por apresentarem início da vida sexual ativa na puberdade, intervalos inter-genésicos curtos e elevadas taxas de fecundidade (6-8 filhos em média). Constituem, portanto, um grupo prioritário do ponto de vista de saúde coletiva, considerando-se a importância da assistência pré-natal na saúde materno-infantil, contribuindo para a redução das taxas de mortalidade materna e perinatal. Este trabalho visa estudar a assistência pré-natal oferecida às mulheres indígenas Suruí, tendo por base os critérios de qualidade estabelecidos pelo Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento do Ministério da Saúde. Os Suruí totalizam aproximadamente 930 indivíduos e, à época da pesquisa viviam distribuídos em onze aldeias, localizadas na Terra Indígena Sete de Setembro, município de Cacoal, Estado de Rondônia. Foram coletadas informações referentes ao pré-natal nos prontuários de mulheres atendidas na Casa de Saúde do Índio de Cacoal no período de 2000-2004. Foram analisados 115 registros de pré-natal. Foram identificados 115 registros de ações de pré-natal na CASAI de Cacoal, no período de 2000-2004. A partir do número total de registros foram identificadas 82 mulheres indígenas que buscaram atendimento. A média da idade materna foi de 25 anos (dp=8,2), sendo a idade mínima de 13 anos e máxima de 44 anos. Em 41,6% (n=37), as grávidas eram adolescentes (menos de 20 anos). Cerca de 6,39% (n=5) eram primigestas. A idade gestacional (IG) média de ingresso foi de 25 semanas. O número médio de consultas pré-natal foi de 1,25. Em relação aos exames laboratoriais considerados como básicos pelo PHPN/ 2000, não houve registro em 76,4%, e 60,8% das gestantes não realizaram todos os procedimentos clínico-obstétricos. Foi constatado que as preconizações estabelecidas pelo MS para a assistência pré-natal não vem sendo realizada de forma satisfatória, pois várias mulheres não possuíam todos os registros que uma consulta pré-natal deveria conter. Faz-se necessária a realização de avaliações acerca da qualidade dos serviços de pré-natal prestados às mulheres indígenas objetivando o aprimoramento dos serviços destinados ao atendimento de populações culturalmente diferenciadas.

Correspondência para: Mauricio Viana Gomes de Oliveira, e-mail: mauricio@unir.br