Goiânia, 07 de novembro de 2005.

ENFERMEIRO & GRUPOS EM PSF: POSSIBILIDADE PARA PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Maria da Anunciação Silva

Alice Guimarães Bottaro de Oliveira

Edir Nei Teixeira Mandu

Samira Reschetti Marcon

O Brasil iniciou a implantação do PSF nos anos 90 constituindo-se numa estratégia para implementação do SUS, por meio de um modelo que assegurasse às famílias o acesso a cuidados primários e à melhoria de qualidade de vida. Entre os desafios do PSF encontra-se o de tomar a família, em seu contexto sociocultural de vida, como alvo central da atenção, sem descuido com a prevenção, recuperação e reabilitação de doenças mais freqüentes dos indivíduos. O PSF aspira mudanças para os trabalhadores e os sujeitos alvos dos cuidados - na tomada de decisão, na realização de cuidados e na participação em torno das questões de saúde. Neste contexto de mudança de modelo, destaca-se a necessidade de práticas que incorporem a dimensão da participação da população no serviço de saúde como estratégia de controle social. Para os enfermeiros, o trabalho com grupos pode se constituir como tecnologia assistencial e de empoderamento de pacientes e da comunidade para o exercício da cidadania. Diante disto, propusemos este estudo que tem por OBJETIVO analisar como o trabalho com grupos, realizado por enfermeiros, em USF, se constitui como espaços geradores ou potencializadores de participação da comunidade e controle social do serviço. Pesquisa exploratório-descritiva desenvolvida em 8 USF de Cuiabá. A técnica de coleta de dados foi entrevista semi-estruturada com os enfermeiros. RESULTADOS: Os enfermeiros realizam frequentemente grupos com diabéticos, hipertensos e gestantes e manifestaram dificuldades para o trabalho com grupos de pessoas com transtornos mentais e adolescentes. Os conteúdos abordados versam sobre os aspectos preventivos e de tratamento das doenças e medidas de controle no caso de gestantes. A maioria das práticas relatadas se fundamenta na concepção teórico-prática de grupo operativo. Os grupos realizados são classificados como terapêuticos, pois tem por objetivo desenvolver habilidades e conhecimentos para o cuidado à saúde, promovendo autonomia no cuidado e aceitação da condição de saúde. A realização de grupos se reduz, na maioria das vezes, à práticas de informação coletiva sobre doenças, procedimentos terapêuticos e convivência com um problema de saúde. Articula informação com uma dimensão terapêutica implícita (convivência, vínculos afetivos). Se consolida como uma estratégia assistencial, enquanto que a dimensão educativo-participativa e de empoderamento de pacientes e da comunidade para o exercício da cidadania se apresenta reduzida.

Correspondência para: Alice Guimarães Bottaro de Oliveira, e-mail: alicegbo@brturbo.com.br