Goiânia, 07 de novembro de 2005.

PROGRAMA DE INCENTIVO AO ALEITAMENTO MATERNO: MOTIVOS DE ABANDONO E

Angelica Maitan Bittencourt

Rosa Aurea Quintella Fernandes

Nádia Zanon Narchi

O Núcleo São Lucas de Atendimento à Saúde da Mulher, que mantém um Programa de Incentivo ao Aleitamento Materno Exclusivo em uma comunidade carente do município de São Paulo, funciona de modo a promover consultas de enfermagem para acompanhamento ao binômio por pelo menos seis meses após o parto a fim de que as mulheres possam receber apoio no processo de aleitamento e reforço das orientações recebidas durante a gestação no intuito de manter o aleitamento exclusivo. Devido a elevada taxa de evasão, decidiu-se elaborar este estudo retrospectivo e quantitativo que teve como objetivos: verificar os motivos de desmame precoce e as causas de abandono das consultas. Após aprovação do Comitê de Ética da Universidade Guarulhos, foram analisadas 134 fichas de mães que participaram das consultas no período de abril de 2002 a dezembro de 2004. Os resultados mostraram que 70% dessas mães eram jovens, com no máximo 24 anos de idade, havendo 27% de adolescentes; 52% não concluíram o ensino fundamental, 45% eram primíparas, 39% tinham um filho ou dois e 16% três ou quatro filhos. A taxa de abandono do programa foi de 50%, ou seja, 67 mães deixaram de comparecer às consultas. Destas mães, 51% não foram localizadas pela busca ativa, desconhecendo-se os motivos do abandono. As 49% restantes alegaram os motivos: volta ao trabalho(15%), já faziam acompanhamento na unidade básica de saúde (9%), perderam o dia da consulta ou tiveram preguiça (11%), não tinham com quem deixar os outros filhos (4,5%), não acharam importante (3%) ou outros motivos (6,5%). Quanto ao desmame precoce, em 54% dos casos não foi possível identificar o motivo. Dos 46% restantes, os motivos alegados foram: receberam orientação de médico ou familiares a ministrarem ao RN água, suco ou outro alimento(14,3%), voltaram a trabalhar (13,5%), pouco leite, perda de peso do bebê, leite “secou” ou voltou a estudar (12,2%), bebê rejeitou, chorava muito, mãe ficou doente (4,5%), outros motivos (1,5%). Conclui-se que os motivos que influenciaram mais fortemente o desmame precoce foram: a falta de envolvimento dos profissionais de saúde, a cultura familiar e a participação da mulher no sustento da família. Em relação ao abandono das consultas, a necessidade da mãe em prover o sustento familiar foi relevante, ressaltando-se que a escassez de informação e a pouca cultura das mães, demonstradas pela de falta de interesse em acompanhar o desenvolvimento do filho, interferiram negativamente nos resultados.

Correspondência para: Angelica Maitan Bittencourt, e-mail: angelbitta@hotmail.com