Goiânia, 07 de novembro de 2005.

O CUIDADOR E SEU CUIDADO

Alda Martins Gonçalves

Roseni Rosângela de Sena

Carla Mendes Queiróz

Marisa Gonçalves Brito Menezes

Esse trabalho é parte de uma pesquisa intitulada O cuidado domiciliar: o trabalho do cuidador profissional e informal, desenvolvido pelo Núcleo de Estudo e Pesquisa sobre o Ensino e a Prática de Enfermagem NUPEPE- Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem por objetivo identificar a presença ou não de ações de auto-cuidado das cuidadoras domiciliares. O estudo se justifica pela necessidade de atenção no ambiente domiciliar, decorrente das mudanças do padrão de morbidade da população, do perfil demográfico e das políticas que incentivam a desospitalização. Desta forma é necessário repensar o locus domiciliar como uma estratégia para a assistência às pessoas que exigem cuidado permanente. Estudo descritivo exploratório de abordagem qualitativa. O estudo foi realizado em Contagem– Minas Gerais. Tomamos como parte deste cenário o domicilio onde as cuidadoras desenvolvem suas atividades. Elegeu-se como sujeitos desta pesquisa as cuidadoras de pessoas cuja classificação de dependência, está acima do nível C, segundo o índice de KATZ, ou seja, pessoas com dependência para tomar banho, controlar as necessidades fisiológicas e alimentar-se. A partir das informações do índice de KATZ e das indicações das ESF foram incluídas na pesquisa 32 cuidadoras domiciliares, residentes na área de abrangência de 12 ESF do município. Foram realizadas três visitas a cada domicilio com intervalo de 15 dias entre a primeira e a segunda e de 45 dias da segunda para a terceira. Foi realizada, também, uma entrevista com roteiro semi-estruturado e utilizou-se o Diário do Cuidador onde as cuidadoras registraram os cuidados diários prestados por elas, bem como dificuldades e facilidades na realização dos cuidados e seus sentimentos ao realizá-los. A análise dos discursos das cuidadoras e dos registros dos diários revelam que a maioria das cuidadoras não cuidam da própria saúde, na têm atividades sociais e de lazer, considerados por elas como necessária. Assim as cuidadoras manifestam que as suas necessidades e desejos ficam secundarizados frente à demanda do cuidado no domicilio. Elas se queixam de desgaste físico e emocional, da falta de recursos materiais para prestar o cuidado que colocam em risco a própria saúde. A partir da identificação desta situação por parte das cuidadoras, recomenda-se que os profissionais das ESF dirijam suas atenções para o cuidador nos momentos das visitas domiciliares, incentivando-os ao auto-cuidado.

Correspondência para: Alda Martins Gonçalves, e-mail: alda@enf.ufmg.br