Goiânia, 07 de novembro de 2005.

AS POTENCIALIDADES E LIMITES DO CUIDADO DOMICILIAR

Alda Martins Gonçalves

Carla Mendes Queiróz

Fernanda Ourives Barreto

Roseni Rosangela de Sena

O presente estudo trata das potencialidades e limites do cuidado no domicílio, entendido como uma prática integrada ao modelo assistencial. O objetivo consiste em abordar as dificuldades e facilidades encontradas na realização do cuidado domiciliar, assim como a rede de solidariedade/apoio com que as cuidadoras contam no seu cotidiano. Caracteriza-se como um estudo descritivo-exploratório, de abordagem qualitativa. A pesquisa teve como cenário o município de Contagem/MG e, como sujeitos da pesquisa, 32 cuidadoras, selecionadas segundo indicação das equipes de saúde da família (ESF), após a aplicação do índice de KATZ para medir o grau de dependência das pessoas cuidadas. Foram realizadas três visitas domiciliares a cada cuidadora. Os instrumentos para coleta de dados foram: entrevista à cuidadora com roteiro semi-estruturado; Diário do Cuidador, caderno onde as cuidadoras anotaram sobre o cotidiano do cuidado domiciliar. As dificuldades apontadas pelas cuidadoras foram a insuficiência de recursos financeiros e materiais, a necessidade de manter um emprego fora do domicílio como principal fonte de renda e o inadequado espaço físico do domicílio, já que esse não é adaptado às necessidades da pessoa cuidada, além do que são, na grande maioria, habitações muito pobres, com precárias condições de acesso, higiene e conservação. As cuidadoras declaram, ainda, que realizar atividades como dar banho, trocar fralda e fazer mudança de decúbito da pessoa cuidada representa uma dificuldade para elas, devido à limitação física que as cuidadoras apresentam ou à condição da pessoa cuidada, tais como sobrepeso ou comportamento agitado. Contudo, apesar dos obstáculos, as cuidadoras revelam que o domicílio permite maior liberdade para cuidar, melhor qualidade de vida para a pessoa cuidada. Ter um apoio, independente de sua origem, representa para as cuidadoras uma fonte de segurança e um suporte para superar as dificuldades no cuidado domiciliar. Entretanto, há relatos que mostram a insuficiência ou inexistência de apoio sistemático principalmente dos serviços de saúde às cuidadoras. Concluímos que é necessário que os serviços de saúde, através da ESF e dos serviços de referência, estabeleçam mecanismos permanentes de apoio às cuidadoras para a realização do cuidado no domicílio

Correspondência para: Alda Martins Gonçalves, e-mail: alda@enf.ufmg.br