Goiânia, 07 de novembro de 2005.

PERCEPÇÃO GERENCIAL DO ADOECIMENTO NUM SERVIÇO DE NUTRIÇÃO HOSPITALAR

Maria José Barbosa Sá Souza

Luciana Pereira Carvalho

Solange Cervinho Bicalho Godoy

Adelaide de Mattia Rocha

O processo de trabalho desenvolvido em um Serviço de Nutrição e Dietética hospitalar – SND- possui elementos constitutivos, tais como objeto, meio, instrumentos, organização e divisão do trabalho, que estão implicados no processo saúde-doença dos trabalhadores do Serviço. Nesse contexto, é de extrema relevância compreender a influência desses elementos na determinação do processo saúde-doença vivenciado pelos trabalhadores desse setor. Desse modo, o presente estudo buscou abordar a percepção que os nutricionistas do Serviço têm sobre o processo saúde-doença inserido na realidade de cada trabalhador. Os dados foram coletados com os dez nutricionistas do Serviço através de roteiro de entrevista semi-estruturado. As entrevistas foram gravadas e transcritas e as falas submetidas à análise de discurso. Estes resultados são preliminares e serão discutidos à luz do referencial teórico selecionado. As nutricionistas são gerentes do Serviço em vários níveis hierárquicos e suas falas apontaram para quatro categorias analíticas. O absenteísmo foi considerado elevado no SND e mais freqüente nos trabalhadores que pertencem ao serviço público. Acreditam que o número reduzido de trabalhadores causa sobrecarga de trabalho e mais doenças. Apontam a insatisfação com o trabalho, as dores e os problemas emocionais como possíveis causas de ausências. Os tipos de agravos à saúde foram considerados diferenciados entre os nutricionistas e os demais trabalhadores, decorrentes das diferenças de conhecimento sobre os cuidados com a saúde e das atividades desenvolvidas (intelectuais e manuais) expondo-os a cargas de trabalho diferentes. As causas de adoecimento foram atribuídas aos fatores internos ao trabalho como as más condições de trabalho (ambiente, instrumentos e equipamentos, trabalho pesado, repetitivo, sobrecarga) e aos fatores da vida pessoal (doenças crônicas, dupla jornada, problemas familiares e falta de recursos financeiros). As estratégias apontadas para lidar com os problemas de saúde são: treinamento para realização das tarefas, conscientização sobre as tarefas, equipamentos de melhor qualidade e educação sobre saúde. Observamos que não foi mencionada a organização do trabalho como fator interveniente no processo saúde-doença, delegando ao trabalhador a grande parcela da responsabilidade sobre seu processo de saúde e de doença. As estratégias de intervenção sugeriram aspectos pontuais do trabalho, descolados do processo de trabalho como um todo.

Correspondência para: Maria José Barbosa Sá Souza, e-mail: mariajosebass@gmail.com