Goiânia, 07 de novembro de 2005.

PERCEPÇÕES E SENTIMENTOS DE MULHERES FRENTE AO EXAME GINECOLÓGICO

Adriana de Oliveira Sousa

Gisella Souza Pereira

Graziella Elias de Souza

Ao longo dos séculos o corpo feminino foi visto como algo odioso e muito carregado libidinalmente por nele se produzirem vivências ligadas à sexualidade. As convenções ensinam as mulheres da “boa sociedade” que é preciso que sejam discretas, dissimulando suas formas segundo códigos que variam de acordo com o lugar e o tempo em que vivem. A partir daí, surge à idéia de pudor que pode ser definido como a defesa do aspecto pessoal do corpo, a fim de se evitar que o mesmo apareça como um simples objeto sexual. Existem certas circunstâncias profissionais que exigem que uma pessoa se dispa, e no intuito de salvar a intimidade e a dignidade pessoal, requerem-se um conjunto de condições que defendam tal dignidade. Um dos exames que requer a exposição do corpo é o exame colpocitológico. Para a realização deste exame a mulher deve estar em posição ginecológica, ou seja, em decúbito dorsal, com as pernas elevadas sobre perneiras de modo entreaberto. Esta situação causa extremo constrangimento por se tratar de um exame invasivo e de certa forma incômodo, e ainda exigir da mulher a sua total nudez. Em função da difícil tarefa de lidar com o corpo e expô-lo diante de situações médicas, neste trabalho nos propomos analisar e estudar as diversificadas percepções individuais de mulheres a cerca do pudor frente ao exame ginecológico. OBJETIVO: Verificar e avaliar quais são os sentimentos e sensações da mulher frente ao exame ginecológico. METODOLOGIA: A pesquisa tem caráter qualitativo e a coleta de dados foi realizada através de um questionário semi-estruturado com 11 pessoas no período de 04/11/04 a 24/11/04. RESULTADOS: Das 11 mulheres entrevistadas apenas uma relatou que não faz o exame ginecológico, porque não possui oportunidade. A maioria das mulheres entrevistadas disseram sentir-se envergonhadas ou sentir algum incômodo durante a realização do exame. Outras sensações como sudorese, tremores, rigidez muscular e rubor, também foram relatadas. CONCLUSÃO: Mesmo os dados mostrando que a maioria das mulheres apresentaram vergonha durante o exame, isto não contribuiu para que elas não realizassem o exame, evidenciando assim que as iniciativas dos programas voltados à saúde da mulher e a noção de promoção de integridade do próprio corpo em busca de uma vida saudável e equilibrada superam toda a complexidade que envolve o constrangimento, a vergonha e o pudor de expor seu corpo por inteiro.

Correspondência para: Adriana de Oliveira Sousa, e-mail: drilindinha2000@yahoo.com.br