Goiânia, 07 de novembro de 2005.

O SAUDÁVEL NO EXISTIR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM CÂNCER

Ana Izabel Jatobá de Souza

Alacoque Lorenzini Erdmann

INTRODUÇÃO: trata-se de parte de um estudo fenomenológico que teve como objetivo compreender o significado de ser criança e ser adolescente experienciando a saúde e a doença hemato-oncológica no existir. METODOLOGIA: foi realizado junto a vinte e uma crianças e adolescentes na faixa etária de dois a treze anos, que vivenciavam diferentes etapas do diagnóstico e do tratamento e que se encontravam internadas na unidade do centro de hemato-oncologia de um Hospital pediátrico de Santa Catarina/Brasil no período de setembro de dois mil e três a janeiro de dois mil e quatro e teve como referencial teórico filosófico a abordagem fenomenológica de Maurice Merleau-Ponty. Este fundamentou a análise das expressões dos respondentes a partir dos seguintes passos: intuição sensível, intuição categorial e redução fenomenológica. Como instrumento para coleta de dados foram utilizados a entrevista e o diálogo a partir das interações diárias com os sujeitos da pesquisa, tanto na unidade de internação como em outros cenários do hospital. RESULTADOS: dentre os temas que emergiram elegeu-se para discussão neste estudo: o ser criança e ser adolescente diante do exercício do saudável no cotidiano da doença e do tratamento. Este aspecto evidencia um ser capaz de experienciar a doença e a terapêutica sem perder o horizonte do saudável, elegendo o bom humor e o lúdico como uma das condições a partir das quais gostariam de ser cuidados. Além disso, reforça a existência de um ser lúdico, interativo, sensível, que expressa as fortalezas e fragilidades do ser humano, que cuida de si e do outro, que também precisa do outro e que pleiteia o direito ser cuidado com respeito e dignidade. CONCLUSÕES: o estudo evidencia a necessidade de ações multi e interdisciplinares a fim de propiciar espaços e oportunidades institucionais para o saudável e construir políticas de atendimento que permitam uma maior cobertura em todas as fases do diagnóstico e do tratamento; valoriza a pertinência da pesquisa em enfermagem pediátrica, e ressalta a importância de ultrapassar as metáforas de dor e sofrimento associadas ao câncer a fim de permitir a expressão das possibilidades e dos significados do que há de saudável nas alternâncias entre a saúde e a doença hemato-oncológica.

Correspondência para: Ana Izabel Jatobá de Souza, e-mail: jatoba@nfr.ufsc.br