Goiânia, 07 de novembro de 2005.

PROCESSO DE COMUNICAÇÃO EM ENFERMAGEM: QUANDO NÃO CONSEGUIMOS FALAR

Laura Cristina da Silva

Este trabalho trata-se de um relato de experiência do cotidiano de uma enfermeira ao conviver com a criança em situação de cronicidade e com perspectivas de morrer. Traz a vivencia junto a uma família que acompanha a hospitalização de seu filho desde o nascimento com diagnóstico reservado devido hipóxia durante o nascimento. A comunicação da enfermagem com as famílias da crianças hospitalizadas é resultante do intenso laço que se estabelece no cotidiano de cuidado que se dá pela permanência constante da enfermagem neste cenário, mas, esta afetividade que nasce, por vezes, acaba por dificultar a comunicação real de fatos dolorosos como a proximidade da morte da criança. Deixa-se as palavras no âmbito do não dito e isto pode ocasionar uma falha no cuidado a estas pessoas. É necessário compreender que a enfermagem é uma profissão que precisa fortalecer este potencial de comunicação promovendo reflexões e aprendendo com as próprias crianças sobre o seu morrer. Assim, este relato fala de um momento especial entre enfermeira, pai e criança que juntos, diante de um desafio, conseguiram descobrir como usar a arte da fala para cuidar com afeto, ética e esteticamente. Processo de cuidar estabelecido por ambos num chamado entre-cuidado, pois é isto que a comunicação produz: a possibilidade de família, crianças e profissionais se cuidarem.

Correspondência para: Laura Cristina da Silva, e-mail: lislaura@terra.com.br