RELAÇÕES ENTRE DESNUTRIÇÃO PREGRESSA, SÍNDROME METABÓLICA E OBESIDADE

Mariana Santos Felisbino Mendes

Daniele Aparecida Silva

Adriano Marçal Pimenta

Jorge Gustavo Velásquez Meléndez

Estudos mostram que o aporte insuficiente de nutrientes no período pós-natal pode levar ao desencadeamento de doenças crônicas na vida adulta. Assim, o objetivo deste estudo epidemiológico de delineamento transversal, descritivo e analítico foi associar indicadores de desnutrição crônica pós-natal com a síndrome metabólica, obesidade abdominal e sobrepeso. A amostra foi constituída de 251 indivíduos de ambos os sexos, com idades entre 18 e 88 anos, residentes na comunidade de Virgem das Graças, área rural do município de Ponto dos Volantes, localizada na região do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. A baixa estatura e a proporção estatura sentada/estatura corporal (ES/EC) foram usadas como variáveis indicadoras de desnutrição crônica durante a vida pós-natal. A Síndrome Metabólica foi definida de acordo com NCEP, 2001, caracterizando-se pela presença de 3 ou mais das seguintes condições: obesidade abdominal, hipertrigliceridemia, baixos níveis de HDL, hipertensão arterial e glicose de jejum = 110 mg/dl. A obesidade abdominal foi definida pela circunferência da cintura = 80 cm para mulheres e = 88 cm para os homens. A força de associação foi mensurada pelo Odds Ratio (OR) e seus intervalos de confiança de 95% (IC 95%). A prevalência de baixa estatura foi de 31,9%, síndrome metabólica 21,5%, obesidade abdominal 26,7%, sobrepeso 25,5% e obesidade global 6,8%. A alta proporção ES/EC se associou ao sobrepeso (OR = 4,25; IC 95% 1,91-9,40) e à obesidade global (OR=7,63; IC 95% 2,62-22,21). Não houve associação com a baixa estatura. Esses resultados mostram que os indivíduos com segmento superior corporal mais longo possuem maior chance de apresentar sobrepeso e obesidade global. Sugere-se, portanto, que a desnutrição crônica durante o período pós-natal pode potencialmente aumentar o risco de se desenvolver sobrepeso e obesidade, fatores de risco importantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Correspondência para: Adriano Marçal Pimenta, e-mail: adrianompimenta@yahoo.com.br