Goiânia, 07 de novembro de 2005.

PARTICIPAÇÃO DO ENFERMEIRO NA FORMAÇÃO DA EQUIPE: PARCERIA E DIÁLOGO

Ana Paula Silva

Cristina Célia A. P. Santana

Janeth F. Machado Diniz

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) permite o atendimento integral, humanizado e de qualidade à população. A adoção deste tipo de modelo exige conhecimento de toda categoria de enfermagem. Neste sentido, a enfermagem do Hospital das Clínicas (HC) e a Faculdade de Enfermagem (FEN) da Universidade Federal de Goiás estabeleceram uma parceria visando a formação da equipe de enfermagem para a implementação da SAE. Foi elaborado um projeto com o objetivo de favorecer o processo de transformação do atual modelo de assistência, através da formação integrada de Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem (TAE). O objetivo deste relato é descrever a vivência de enfermeiras do HC na condução de curso de formação de TAE. A metodologia de ensino é baseada no paradigma crítico-social, tendo os pressupostos de Paulo Freire como referencial teórico e a problematização como estratégia de ensino. Cada turma é coordenada por duas enfermeiras do HC e as mesmas são responsáveis pelo apoio logístico e por alguns módulos do curso que tem a duração de 92 horas. A atividade de coordenação tem representado um grande desafio, por almejar a melhoria do atendimento através da construção coletiva de uma nova forma de assistir o cliente, o que conseqüentemente, afeta a cultura assistencial estabelecida. Identificamos dificuldades em adaptar o conteúdo aos TAE, pois a literatura existente reforça o papel do Enfermeiro, sendo os TAE “coadjuvantes” no processo do cuidar. Por este motivo, o conteúdo foi discutido de forma crítica com os participantes, identificando o potencial de toda equipe e a necessidade de parceria efetiva neste processo. Nossas preocupações no início de cada turma estão relacionadas à receptividade do grupo, o envolvimento nas atividades e coerência no encaminhamento das discussões. Observamos a mudança dos profissionais na sua prática, através do interesse demonstrado em relação ao cliente e nas discussões e reflexões conduzidas nos serviços, além de relatos positivos sobre o curso. Identificamos o potencial humano do HC para a construção de um processo de trabalho crítico-reflexivo baseado na abertura para o conhecimento, diálogo e participação. Concluímos que nosso envolvimento na formação de TAE possibilitou uma maior interação com os mesmos e o conhecimento da realidade vivenciada nos diferentes serviços, além do desenvolvimento de nossas habilidades para o trabalho em equipe de forma mais democrática e participativa.

Correspondência para: Ana Paulasilva, e-mail: psfanapaula@bol.com.br