Goiânia, 07 de novembro de 2005.

A DIFÍCIL ARTE DA COMUNICAÇÃO NAS ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM

Anialcy Barbosa Faria

José Helder Alves Aragão

O objetivo da língua é estabelecer a comunicação entre as pessoas. No entanto, quando se escreve uma mensagem e, a comunicação não é estabelecida, o sentimento de desapontamento e inoperância efetiva-se, tanto para o emissor quanto para o receptor. Então, comunicar implica busca de entendimento e de compreensão. Em suma, contato. É uma ligação, transmissão de sentimentos e idéias. Embora as palavras possuam todo este poder veiculador de idéias, nem todos os profissionais possuem facilidade de traduzir aquilo que desejam transmitir. Dentre os profissionais com carreiras exclusivamente técnicas, nos defrontamos com os profissionais de enfermagem. Não existe tradição, de grandes escritores e relatores, entre os profissionais de enfermagem. Normalmente esta prática está voltada às profissões ligadas à área de ciências humanas. A prática de escrever e interpretar é frágil entre os alunos de enfermagem, pois o ensino é técnico e privilegia a objetividade excessiva, o que compromete os relatos e consequentemente a intelegibilidade. O estudo teve como objetivo identificar as principais dificuldades lingüísticas encontradas pelos enfermeiros em seus relatos. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa descritiva, utilizando relatos contidos em livros de Ordens e Ocorrências pertencentes ao Setor de Emergência do Hospital Universitário Antonio Pedro, no município de Niterói, Rio de Janeiro. Os dados foram categorizados de acordo com as principais características a serem encontradas em textos não literários e descritivos: harmonia, clareza, concisão, correção gramatical, coesão, coerência e objetividade. O referencial metodológico baseou-se nos pressupostos de Bardin para análise de conteúdo. Quanto ao referencial teórico, foram utilizadas as reflexões teóricas de Strauss, Saussure e Sapir para língua e suas funções. Os resultados apontaram para as dificuldades relacionadas a todas as categorias, prevalecendo a correção gramatical, clareza, concisão e correção. No entanto, observou-se que o excesso de objetividade e, o uso indiscriminado de abreviaturas deu margem a criação de textos confusos e pouco consistentes. Entende-se que, embora os textos apontem para inúmeros problemas de comunicação, é evidente a necessidade de uma reformulação curricular, que permita aos graduandos maior acesso a língua escrita, bem como estímulo a leitura de livros de estilo literário, além de cursos de português instrumental para os profissionais.

Correspondência para: Anialcy Barbosa Faria, e-mail: anyfaria@predialnet.com.br