Goiânia, 07 de novembro de 2005.

DO DESCONHECIMENTO À VIVÊNCIA DE GRAVIDEZ MOLAR

Carlos Ferreira de Lima

Celia Fernandes da Silva

Maria Eliane Liégio Matão

Lorena Almeida Ribeiro Prudente

Pedro Humberto Faria Campos

A gravidez é vista como um dos cânones de feminilidade. É evento muito esperado pela maioria das mulheres, especialmente em decorrência dos aspectos histórico-socio-culturais relacionados à temática. Constitui como fenômeno biológico que promove importantes alterações fisiológicas, entretanto, há uma parcela das mulheres pode apresentar complicações que modifica profundamente a vivência da gravidez. Dentre os agravos que podem incidir nesse processo, uma fração evolui com prognóstico desfavorável devido a proliferação anormal do trofoblasto, prejudicando a formação e o desenvolvimento do bebê. Tal ocorrência caracteriza a gravidez molar, sendo o câncer uma complicação possível. O propósito do estudo é discutir gravidez molar na perspectiva de mulheres que vivenciaram a doença. O estudo é qualitativo, sendo a Teoria das Representações Sociais o referencial teórico adotado. As entrevistas realizadas foram analisadas pelo programa ALCESTE, que classificou o material em dois blocos temáticos e seis classes. O primeiro bloco, composto por 4 classes, se refere à assistência e o segundo, composto por 2 classes, tratam da dimensão da subjetividade. Os conteúdos abordados nas classes 3 e 4, Discriminação e Desconhecimento, respectivamente, são os mais recorrentes. Aparecem sentimentos de dor e frustração pela perda do filho por não desenvolver a gestação de modo esperado. A discriminação, vivida ou imaginada, leva as mulheres a não revelar o diagnóstico como medida de proteção contra reações desfavoráveis; algumas, se autodiscriminam. Aliado a isso, há a possiblidade do câncer, representado como sofrimento e morte antecipada. Constatou-se a percepção idealizada da gravidez e maternidade, passando a desafio o desejo inicial de gerar um filho. Há necessidade de apoio psicológico e social para a superação da problemática, pois os profissionais de saúde atuam nos limites dos aspectos clínicos relacionados ao diagnóstico, tratamento, acompanhamento para detecção da cura ou constatação de complicações.

Correspondência para: Maria Eliane Liégio Matão, e-mail: liegio@ih.com.br