Goiânia, 07 de novembro de 2005.

PERFIL DAS BENZEDEIRAS DO ESTADO DE GOIÁS

Selmy Campelo de Miranda

Nara Rubia de Freitas

INTRODUÇÃO: Em nossa sociedade, a benção é um elemento muito importante para entender a vida das pessoas. O "benzimento" é forma antiga no tratamento de várias doenças, utilizada pelas pessoas desde a idade Média na Europa. No Brasil, os benzedores surgiram a partir do século XVII. A medicina popular praticada pelas benzedeiras vem ao encontro dos anseios das pessoas que buscam alívio para seus males. Valores e herança cultural estão inseridos nesta prática de benzimento, que se mantém viva. Dessa forma, julgamos ser bastante relevante a realização deste estudo, para nós profissionais da área da saúde, por nos possibilitar além do conhecimento desta terapêutica, também nos inteirarmos do processo de formação desses curandeiros que em muitas regiões do país continuam sendo os principais “profissionais de saúde” além de contribuir para a formação de uma relação mais respeitosa entre profissionais alopatas e adeptos da medicina popular. OBJETIVO: Este estudo teve por objetivo traçar um perfil de benzedores do Estado de Goiás. METODOLOGIA: Pesquisa de abordagem qualitativa, explorativa e descritiva, na qual a coleta de dados foi realizada sob a forma de entrevista semi-estruturada, no período de setembro a novembro de 2004 com nove benzedeiros do Estado de Goiás, sendo 8 residentes em regiões periféricas de cidades e 1 morador da zona rural. RESULTADOS: Em relação as características da população estudada, verificamos uma média de idade de 70,0 anos, predominância do sexo feminino (88,9%), de pessoas viúvas (cinco pessoas) e de analfabetos funcionais (66,7%). A maioria extrema era católica, a idade de início do ofício variou de 9 a 50 anos. Para a maioria, o aprendizado das orações aconteceu por meio de algum membro da família que benzia anteriormente, invocavam como divindades Deus e Jesus Cristo e especializaram-se em alguns tipos de enfermidade físicas e espirituais (mau-olhado, picada de cobra, cobreiro, enxaqueca, quebrante, espinhela caída, erisipela, furúnculo, inveja, olho gordo, cólica renal entre outros). CONCLUSÕES: Sugerimos que exista uma maior divulgação sobre esses profissionais tanto por trabalhos de pesquisa quanto por meio de projetos de extensão que visem fortalecer essa categoria. Percebemos ainda importância desse personagem social para o funcionamento das comunidades, principalmente, aquelas que não contam com um sistema de saúde “oficial”, onde ele é praticamente a única opção de cura para as mazelas da população.

Correspondência para: Selmy Campelo de Miranda, e-mail: selmy_miranda@yahoo.com.br