Goiânia, 07 de novembro de 2005.

CUIDADO E NÃO CUIDADO DA CLIENTELA HOSPITALAR - QUESTÃO DE PODER

Ana Rosete Camargo Rodrigues Maia

Maria Itayra Coelho de Souza Padilha

Mariana Vieira

Este estudo é parte do projeto integrado denominado Avaliação das práticas de cuidado de profissionais de saúde em serviços hospitalares do estado de Santa Catarina, que objetiva identificar a percepção das formas de não-cuidado/violência, que ocorrem no processo de cuidar entre profissionais, profissionais e usuários/as, dirigentes e profissionais e dirigentes e usuários/as. A metodologia é qualitativa, os dados foram coletados através de um instrumento de estudo semi-estruturado, com questões abertas e fechadas, em uma população amostral de 29 (vinte e nove) clientes de três hospitais públicos da cidade de Florianópolis, no período de agosto de 2002 a maio de 2003. O estudo atendeu a Resolução 196/96 do Conselho Nacional da Saúde e aprovação da Comissão Ética da UFSC. Os dados foram analisados apresentando quatro categorias principais: desatenção, desrespeito, desconforto, irresponsabilidade. Os resultados do estudo indicam que o não cuidado/violência, como um Problema de Poder, está relacionado ao desrespeito, preconceito e/ou discriminação pela condição social, sexual do indivíduo. Segundo a percepção dos clientes, o não cuidado/violência nesta vertente, caracteriza-se por grosserias, má educação, prepotência, assédio sexual, negligência, desprezo, indiferença dos profissionais da saúde aos sujeitos do cuidado. As categorias de não cuidado/violência na vertente, como um Problema Assimétrico, expressa-se por atitude comportamental do poder e falta de uma comunicação dialógica horizontal, entre o cliente e os profissionais da saúde. Refletem-se com desatenção, desinteresse, desmotivação, negligência, falta de atitudes éticas e bioéticas, bem como desconforto. Em relação a subcategoria desconforto estão relacionados como situações de não cuidado/violência, a falta de alimentação, sono, repouso e comodidade. Concluímos com este estudo, que as práticas de não cuidado/violência acontecem no cotidiano das relações e inter-relações do processo de cuidar entre cliente e profissionais da saúde e dirigentes, necessitando que estes busquem a atualização e a humanização do ato de cuidar.

Correspondência para: Ana Rosete Camargo Rodrigues Maia, e-mail: maia@nfr.ufsc.br