DESMAME E CULTURA: CONSIDERAÇÕES PARA A ENFERMAGEM

Aldira Samantha Garrido Teixeira Abreu

Beatriz Fernandes Dias

Esta pesquisa é fruto de trabalho de conclusão de curso da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. A amamentação materna no Brasil teve muitos momentos peculiares; ora era dito que ela seria importante no desenvolvimento e crescimento da criança, ora era dito que poderia ser substituída e/ou complementada. O aleitamento materno é um modo insubstituível de fornecer o alimento ideal para o crescimento e desenvolvimento saudáveis de lactentes. Amamentar pode ser um processo natural ou não, apesar de ser um ato fisiológico. Apesar das vantagens da amamentação serem apresentadas com contundência pela comunidade científica e apesar dos avanços nas taxas de aleitamento materno observados, na última década, a situação do aleitamento materno no Brasil está longe do que é preconizado. A duração do aleitamento materno pode ser favorecida ou restringida por fatores biológicos, culturais, relativos à assistência à saúde e socioeconômicos. Os profissionais de saúde podem influenciar positiva ou negativamente o início e a duração da amamentação. Com o intuito de saber quais são as causas do desmame precoce em nossa cultura, proponho a utilização das idéias de Madeleine Leininger, que destacou a importância do conhecimento obtido através da experiência direta daqueles que a experimentam. Para a autora,cada cultura tem suas peculiaridades, sua forma,seus padrões, seus comportamentos,suas expressões e seu jeito de explicar e de dizer o estado de bem-estar, de saúde ou de doença. A pesquisa qualitativa objetivou identificar os fatores culturais que ocasionam o desmame precoce. Foram realizadas 13 entrevistas semi-estruturadas no ambulatório de Puericultura do HUAP, situado em Niterói-RJ. Os sujeitos, mães com filhos que desmamaram, parcial ou completamente seus filhos antes de completarem 6 meses, estavam na faixa etária dos 20 anos. O desejo de amamentar seus filhos estava presente nos depoimentos das mulheres deste grupo cultural. Ao analisar os depoimentos observei que as causas mais freqüentes do desmame precoce foram: leite fraco, pouca produção de leite, problemas com as mamas, hospitalização do recém-nascido e volta ao trabalho. Através destes achados, conclui que os motivos do desmame foram de ordem sócio-cultural. É preciso que a cultura do grupo que está sendo assistido seja levada em consideração para que esse paradigma seja modificado.

Correspondência para: Aldira Samantha Garrido Teixeira Abreu, e-mail: samantha@vm.uff.br