Goiânia, 07 de novembro de 2005.

PATERNIDADE, MATERNIDADE E ENFERMAGEM

Aldira Samantha Garrido Teixeira Abreu

Trata o presente trabalho de recorte da pesquisa de doutorado desenvolvida na EEAN/UFRJ que desvelou o conceito e a vivência da paternidade enquanto possibilidade existencial de pais. Os pais na maternidade geram preconceitos e estereotipos a partir do cotidiano e do senso comum, fazendo com que os conceitos biológicos,sociais e culturais sobre paternidade sobreponham-se ao significado existencial. Assim, a enfermagem reconhece o pai no cenário da maternidade não como um cliente, sujeito de seu cuidado, mas como o provedor da família sem muitas vezes valorizar sua presença. Daí, embutida no pensar heideggeriano sobre o fenômeno e suas manifestações, entendo que os estereótipos e os pré-conceitos estabelecidos velam-lhe o sentido de paternidade e tais fatos conduzem-nos a atribuir-lhe diferentes rótulos, tais como: pai legal, bom pai, pai participativo, pai presente e assim por diante. Realizei a entrevista fenomenológica com pais presentes no pré natal que responderam o que é paternidade para você? Ao discorrer sobre o que é paternidade, o pai a descreve como desejo realizado. Expressa o sonho da paternidade muitas vezes desde a infância,seja acompanhando os irmãos mais novos, seja se imaginando na condição de pai. Desta forma,a paternidade expressa o sonho de constituição da família, a continuidade de si e de seu nome. Ele fala da responsabilidade de ser pai. O pai se sente responsável pela criança, mulher e pensa no futuro dos filhos. Acredita que a paternidade é a responsabilidade de criar, de educar, de prover e dar condições de seus filhos serem adultos bem sucedidos. Acontece que, as propostas de inserção do pai no ciclo grávido-puerperal e cuidado com os filhos são isoladas estão começando a ser valorizadas pouco a pouco. Neste aspecto, não pode deixar de ser mencionado o projeto da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro do acompanhante na sala de parto. Esta iniciativa pioneira ainda é muito pouco diante da gama de situações nas quais o pai tem se mostrado presente e clama por participação. Paternidade e maternidade revelam regras sociais, históricas e culturalmente diversas que acompanham, em cada sociedade, uma concepção dos papéis de gênero, nas quais as situações de ser pai e de ser mãe transcendem ao aspecto biológico visto serem vivências humanas significadas socialmente; e a enfermagem deve estar consciente de seu papel para orientar e cuidar do novo pai que está mais presente na maternidade.

Correspondência para: Aldira Samantha Garrido Teixeira Abreu, e-mail: samantha@vm.uff.br