Goiânia, 07 de novembro de 2005.

O CHÁ COMO INTEGRANTE DO PROCESSO TERAPÊUTICO DE PESSOAS COM DOENÇAS CRÔNICAS

Denise Guerreiro Vieira da Silva

Eunice Simão

Maria Salete Lopes Natividade

Rita de Cássia Bruno Sandoval

Mila Andrade Cunha

Patrícia Andrea Slsbach

Fabiane Ferreira Francioni

INTRODUÇÃO: Há uma multiplicidade de tratamentos e cuidados realizados por pessoas com doenças crônicas na busca pela cura ou para amenizar manifestações de sua condição de saúde. O uso de chá é uma prática tão antiga quanto a história dos cuidados à saúde, que permanece como prática atual. Em nossa prática profissional temos percebido que as pessoas fazem uso de chás, com diferentes intenções e compreendem seus efeitos de maneiras diversas. Assim, foi realizado um estudo tendo como OBJETIVO: Compreender como os chás participam do processo terapêutico de pessoas com doenças crônicas. METODOLOGIA: Estudo qualitativo, na perspectiva interpretativista. Foi realizada com 124 pessoas com as seguintes doenças crônicas: diabetes mellitus, insuficiência cardíaca crônica, hipertensão arterial, doença aterosclerótica coronariana, asma, DPOC e pessoas com ostomias. Os dados foram coletados através de 54 entrevistas semi-estruturadas e da realização de oito grupos focais dos quais participaram 70 pessoas. A análise dos dados seguiu a proposta de Trentini e Paim (1999), que prevê codificação, categorização e interpretação dos dados. O projeto de pesquisa que deu origem a este subprojeto foi aprovado pelo comitê de Ética da UFSC e seguiu todas as suas indicações. RESULTADOS: Identificamos que o uso de chás é mais intenso e freqüente entre as pessoas com diabetes mellitus e com problemas cardíacos crônicos. Pessoas com ostomias e com problemas respiratórios crônicos fazem uso de chás apenas como hábito familiar ou eventualmente para controle de alguma manifestação específica (diarréia). Pessoas com diabetes e problemas cardíacos crônicos buscam resultados físicos como cura ou controle da doença (glicemia e colesterol), como sonífero ou buscam efeitos psíquicos como acalmar, sentir-se bem. Há um forte componente cultural associado ao uso de chás, no sentido que muitas vezes desconhecem sua composição, mas tomam por tradição, com indicação e preparo das mães ou avós. Referem que o uso de chás cria conflitos com alguns profissionais da saúde, especialmente os médicos, que raramente os reconhecem como efetivos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As pessoas consideram o chá como um recurso terapêutico de fácil acesso e adequado em muitas situações. Mesmo quando não tem o efeito desejado da cura, pode trazer um certo conforto e ser um coadjuvante no tratamento. Subprojeto da pesquisa “Itinerário terapêutico de pessoas com doenças crônicas”, que conta com financiamento do Cnpq.

Correspondência para: Denise Guerreiro Vieira da Silva, e-mail: denise@nfr.ufsc.br