Goiânia, 07 de novembro de 2005.

PERCEPÇÃO MATERNA DA PREMATURIDADE: ESTUDO BASEADO NA TEORIA DO APEGO

Ana Lucia Domingues Neves

Eliete Maria Scarfon Ruggiero

O estudo do vínculo entre os recém-nascidos prematuros e suas mães vem há muito tempo, pois além do trauma sofrido pela mãe com o nascimento prematuro, há a separação imediata do filho. Tal fato associado à observação de que o apego materno é verificado rapidamente durante o período pós-parto pelo envolvimento mãe-filho, nos despertou preocupação e interesse em estar pesquisando um assunto de grande relevância. O objetivo foi buscar compreender a vivência da mãe, suas dificuldades e desafios sob o nascimento do filho prematuro internado na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal. Trata-se de um estudo com delineamento na abordagem qualitativa. O estudo foi realizado em uma das salas próxima a UTIN de um hospital do interior do estado de São Paulo. A população alvo foi constituída por quinze mulheres, mães de recém-nascidos prematuros internados na UTIN. A coleta de dados foi realizada por meio de análise dos prontuários, entrevista semi-estruturada e observação participante. As falas foram submetidas à análise de conteúdo, modalidade análise temática e como referência se utilizou os aspectos conceituais da gravidez com o nascimento de um prematuro pautada na Teoria do Apego. De acordo com os depoimentos das mães, articulamos o significado de ser mãe de um filho prematuro e construímos as categorias. Com a análise dos discursos identificamos como foi a experiência da mãe ao se deparar com a hospitalização de seu filho logo após o nascimento. Os resultados mostraram a importância para o desenvolvimento do filho a mãe estar presente nos primeiros cuidados e que o fato do bebê ser afastado de sua mãe após o nascimento é apresentado como um golpe à essência no exercício da função materna. Identificamos que a puérpera passa por conflitos e neste enfrentamento ocorrem alterações no seu modo de vida, estas são verificadas no comportamento social e representam situações positivas que as levam a valorizar mais a vida. Quanto aos sentimentos vivenciados, observamos sentimentos de culpa, medo e insegurança. Acreditamos que o caminhar pela Teoria do Apego no desenvolvimento do vínculo afetivo da mãe dos recém-nascidos prematuros, ajudou-nos a perceber o que as mães sentem, vivenciam e experimentam durante a trajetória desses meses. Isto nos leva ao compromisso de atuarmos com estas mulheres para que o enfrentamento seja amenizado de forma a buscar soluções para os problemas de saúde e que esta atuação aconteça com responsabilidade e espírito humano.

Correspondência para: Ana Lucia Domingues Neves, e-mail: analu.neves@terra.com.br