Goiânia, 07 de novembro de 2005.

O ENSINAR SEMIOLOGIA E SEMIOTÉCNICA & RESISTÊNCIA

Teresa Cristina Escrivão Soares Cortez

Semiologia e Semiotécnica permitem ao enfermeiro demonstrar sua capacidade de ao atender o ser humano avaliando-o de modo científico e holístico. Neste estudo reflito sobre o processo de ensinar semiologia e semiotécnica num Centro Universitário da Cidade de Niterói, que possui o Curso de Graduação em Enfermagem nos três períodos: matutino, vespertino e diurno. Tenho como objetivos discutir como estes acadêmicos do terceiro período vivenciam estes conteúdos e quais são os seus anseios quanto a realização da Disciplina Semiologia e Semiotécnica em Enfermagem I. Durante o período letivo analisei estes aspectos utilizando os preceitos de Pierre Bourdieu no que se refere a reprodução de conhecimento e os jogos de poderes que compõe o sistema de divisão de classes, criando uma analogia com a divisão de classes da enfermagem: auxiliar, técnico e enfermeiro. A grande maioria dos acadêmicos são auxiliares e técnicos de enfermagem inseridos no mercado de trabalho, essencialmente os matriculados no período noturno. Na organização da Disciplina partir do princípio do geral para o particular, assim num trabalho conjunto procurei analisar primeiramente o cuidado, após a metodologia do cuidar, as necessidades humanas básicas, o exame holístico de enfermagem. No transcorrer da disciplina verifiquei que inicialmente os acadêmicos que estão inseridos no mercado de trabalho demonstram certo descontentamento por supor que tenham conhecimentos sobre os conteúdos propostos. Este descontentamento torna-se posteriormente uma resistência pacífica, por alegarem que "nunca viram o enfermeiro fazendo estes procedimentos", surgindo dúvidas sobre a real aplicabilidade do exame de enfermagem e da possibilidade que o enfermeiro possui para intervir na assistência integral ao ser humano não sendo um mero cumpridor ou facilitador da realização da prescrição médica. Fica evidente que a hegemonia médica ainda persiste e através da inculcação os exercentes da profissão enfermagem sejam de nível médio ou superior, que reproduzem modelos ultrapassados onde a submissão está presente, deste modo um dos primeiros desafios da Disciplina foi a tentativa de romper a imagem distorcida do enfermeiro, defendendo a sua participação igualitária no processo de cuidar, e a grande necessidade de demonstrar o seu conhecimento científico fundamentando as suas ações. No final do semestre notei uma mudança perceptível de postura e o desejo de ampliarem conhecimentos e treinar o exame físico de enfermagem.

Correspondência para: Teresa Cristina Escrivão Soares Cortez, e-mail: teresacristinacortez@ig.com.br