Goiânia, 07 de novembro de 2005.

PERDA FAMILIAR: MODELO DE CALGARY E DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM

Luciano Ramos de Lima

Eduardo Gomes de Araújo

Flávia Nunes Machado

Sônia Maria Soares

O processo de perda familiar demanda da enfermagem uma assistência à família, que envolve o conhecimento de teorias e identificação com uma perspectiva teórica que adequam-se as crenças e valores. Os fundamentos teóricos do Modelo Calgary de Avaliação da Família (MCAF) e de Intervenção na Família (MCIF) pode ser um referencial importante de cuidado com a família. Objetivou-se relatar a experiência de aplicabilidade do MCAF e MCIF, com formulação de diagnósticos de enfermagem da NANDA para uma família que está vivenciando o processo de perda familiar. Estudo de caso, fundamentado no MCAF e MCIF, com dois integrantes de uma família do município de Belo Horizonte. A coleta de dados procedeu após a orientação e aceite formal com assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido segundo CNS 196/96. Desenvolvida em três fases: entrevista utilizando o MACF com avaliação - estrutural (elaboração de genograma e ecomapas), funcional e desenvolvimento; elaboração de diagnósticos de enfermagem e de uma proposta do MCIF. Pela aplicação do MCAF, identificamos dois estressores horizontais que estavam atingindo a família: a perda familiar dos avós e mãe por meio de um acidente ocorrido em março deste ano e a matriarca da família está no estágio tardio da vida. Identificamos cinco diagnósticos de enfermagem: desempenho de papel ineficaz, paternidade prejudicada, processos familiares interrompidos e tensão devido ao papel do cuidador. Por meio da avaliação do desenvolvimento familiar e dos diagnósticos de enfermagem identificados foi possível formular junto à família uma proposta de intervenção guiada pelo MCIF. Concluímos os enfermeiros devem conhecer e compreender a estrutura familiar enquanto orientadores de apoio às famílias nos cuidados aos seus familiares. A utilização do MCAF e MCIF possibilitou a aproximação com uma metodologia de sistematização da atenção à família, a formulação dos diagnósticos de enfermagem e a aplicação das intervenções e orientações implementadas pelos enfermeiros. A linguagem técnica de nossa profissão não garante uma comunicação clara e objetiva com a população. Precisamos dominar os assuntos mais complexos, de forma a traduzi-lo em conhecimento útil para a prevenção, manutenção e recuperação da saúde, o que percebemos ser possível com a utilização deste modelo. Muitas são as possibilidades e os desafios na produção de conhecimento no trabalho com famílias, reforçando seu caráter de constante construção e consolidação do conhecimento.

Correspondência para: Luciano Ramos de Lima, e-mail: enframosll@gmail.com