Goiânia, 07 de novembro de 2005.

EPISIOTOMIA: ROTINA OU NECESSIDADE

Alari Furlan de Jesus

Elmari de Oliveira

Atualmente a sociedade deflagra uma árdua campanha contra o uso rotineiro da episiotomia em partos vaginais. Alguns autores defendem a episiotomia como sendo um grande benefício às parturientes, pois a realização deste tão comum procedimento, afasta o risco de lacerações e lesões no períneo. Porém, evidências científicas e opiniões contra essa atitude, trazem mudanças neste tradicional hábito de realização da episiotomia de forma exagerada e sem necessidade real. Diante disso foi realizado um estudo descritivo exploratório e retrospectivo sobre a realização de episiotomia de rotina ou de necessidade em partos vaginais ocorridos no Hospital de Base de São José do Rio Preto – SP. Este estudo visou investigar a incidência de episiotomias e lacerações de períneo ocorridas nos partos vaginais, além de caracterizar as episiotomias realizadas e as lacerações de períneo, como também conhecer o perfil sócio-cultural das mulheres atendidas. Para tanto foram analisados todos os prontuários de pacientes que tiveram filhos de parto vaginal nos meses de janeiro e fevereiro de 2005. A coleta de dados foi realizada utilizando-se um instrumento composto de três partes: dados pessoais, gestacionais e relativos ao parto. Com os dados obtidos pode-se notar que há o predomínio de mulheres na faixa etária de 20 a 29 anos (48,1%), com 8 a 11 anos de escolaridade (54,7%), provindas na sua maioria (58,5%) de cidades da região de São José do Rio Preto, que vivem em união consensual (48,1%), sendo 61,3% delas donas de casa, primigestas (50,0%), onde 85,8% realizaram pré natal, o que pode estar relacionado ao baixo índice de abortos (87,7%). Pode-se constatar ainda que, em 78,3% dessas mulheres foi realizada episiotomia, todas do tipo MLD, e que o número de lacerações de períneo foi baixo (7,5%), sendo estas lacerações 50% de grau I e 50% de grau II. Portanto pode-se constatar com este estudo alto índice de episiotomias (78,3%) realizadas em partos vaginais ocorridos no Hospital de Base de São José do Rio Preto. Com isso pode-se concluir que este procedimento vem sendo realizado como rotina. Estes dados quando comparados com a meta sugerida pela OMS que é de 10,0%, nota-se que o H. B, encontra-se distante de cumprir esta meta, pois os índices de episiotomia apresentaram-se quase oito vezes mais elevados do que é preconizado. Além disso, observou-se o baixo percentual de laceração de períneo (7,5%), o que deve-se aos altos índices de realização de episiotomia.

Correspondência para: Alari Furlan de Jesus, e-mail: alarifur@yahoo.com.br