Goiânia, 07 de novembro de 2005.

ENFRENTAMENTO DOS ENFERMEIROS FRENTE À MORTE NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL

Amanda Arenas Felice

Maria da Graça Girade Souza

O tema “morte” chamou-nos atenção, primeiro por ser pouco explorado no nosso meio, já que não existem muitas publicações nessa área, e segundo, por ser a morte uma situação comum a ser enfrentada pelos profissionais enfermeiros no seu cotidiano. O objetivo deste estudo foi identificar os sentimentos e reações dos enfermeiros e como lidam com a perda de pacientes sob seus cuidados. É um estudo exploratório-descritivo, no qual lançamos mão, para a coleta de dados, de entrevista semi-estruturada, com 10 enfermeiras que trabalhavam no hospital e que aceitaram fazer parte da pesquisa. Os resultados foram agrupados por categorias de respostas, analisados e apresentados em tabelas, figuras e na forma descritiva. Como resultados obtidos encontramos divergências quanto ao significado da morte para as enfermeiras entrevistadas, pois para algumas delas, morte tem significado de fim da vida, já para outras significa continuação da vida. Com relação à mesma pergunta encontramos ainda outros significados como: perda, alívio, uma certeza, saudade e descanso para quem estava doente. As entrevistadas foram unânimes ao responder que a morte é um acontecimento dotado de sentimento de perda e dor. Foram questionadas sobre seus sentimentos ao perderem um paciente e também a respeito de sua formação profissional, afim de saber se durante a graduação tiveram alguma disciplina que abordasse o tema morte e que tivesse dado um preparo emocional para este acontecimento. Obtivemos respostas afirmativas, mas algumas não se lembraram em qual disciplina foi abordada. Constatamos ainda que a maioria ainda nunca se interessou em realizar cursos nesta área, para aumentar seus conhecimentos e preparo a respeito do tema, pois esta é uma realidade vivenciada na profissão e é vista como um aspecto menos importante do cuidado. Com tais resultados podemos concluir que vários são os significados dados a um mesmo vocábulo e que os sentimentos que predominam ao perder um paciente são os de impotência e de fracasso e que podem atrapalhar efetivamente a produtividade do profissional, sua auto-estima, se este não tiver mecanismos saudáveis de lidar com este aspecto do cuidar. Notamos ainda que o ensino está voltado muito mais para a esfera técnica do que para a espiritual e emocional tanto do paciente quanto do profissional, colocando esses últimos no mercado despreparados para lidar de forma positiva com a morte, negligenciando a saúde mental de quem presta cuidados.

Correspondência para: Amanda Arenas Felice, e-mail: amandasp2@yahoo.com.br