Goiânia, 07 de novembro de 2005.

LIMPEZA DE SALA DE OPERAÇÕES: FATOS E MITOS

Anita da Cruz Mecone

Tatiana Kano Vidolin

Maria Helena Barbosa

Desde os primórdios da medicina intervencionista, o procedimento cirúrgico foi considerado como uma das maiores agressões ao corpo humano. Sabe-se que o paciente cirúrgico tem risco mais elevado de adquirir infecção hospitalar (IH) do que os pacientes não cirúrgicos. A IH vem despertando preocupação com o desenvolvimento de medidas preventivas em todos os seus aspectos e a limpeza e desinfecção de salas de operações (SO) constitui-se em assunto polêmico, principalmente no que se refere aos procedimentos adotados pelas instituições. Nessas, os rituais de limpeza eram adotados como medidas de prevenção de infecção do sítio cirúrgico e foram transmitidos por muitas gerações de enfermeiros, mesmo sem embasamento científico. As rotinas de limpeza de SO, por muito tempo, foram adotadas com base na classificação da cirurgia em limpa ou contaminada, surgindo o mito da “sala contaminada”. Tem-se aqui um estudo de campo, exploratório e descritivo, com abordagem quantitativa que objetivou identificar os procedimentos de limpeza de sala de operações (PLSO), adotados nas Unidades de Centro Cirúrgico (UCC), dos hospitais do Município de São Paulo. Os dados foram coletados em 21 instituições, do referido município, que aceitaram participar da pesquisa. Utilizou-se um questionário com questões estruturadas e semi-estruturadas, que abordavam sobre os critérios adotados para determinação do PLSO, recursos materiais e humanos disponibilizados. Os instrumentos foram preenchidos pelos enfermeiros, responsáveis pelas UCC dessas instituições. Observou-se que 12 (57%) das instituições pesquisadas adotam PLSO iguais para todas as cirurgias, independente da classificação do potencial de contaminação das mesmas e 9 (43%) adotam procedimentos diferenciados. Identificou-se que 15 (71%) utilizavam mop e máquina de lavar pisos e 6 (29%) métodos primitivos. Verificou-se que na maioria das instituições pesquisadas 15 (71%) água e detergente são os produtos mais utilizados para a realização da limpeza. Com esta pesquisa pode-se concluir que nos dias atuais, século XXI, o mito da sala contaminada ainda permanece como conduta adotada por algumas instituições pesquisadas, o que aponta para a necessidade de reflexão destes enfermeiros de UCC, sobre este mito praticado como medida de controle de contaminação da UCC.


Correspondência para: Anita da Cruz Mecone, e-mail: anitamec@terra.com.br