Goiânia, 07 de novembro de 2005.

OS ESTRESSORES DE PESSOAS COM DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA

Maria Salete Lopes Natividade

A condição crônica estabelece o surgimento de estressores decorrentes da relação entre a pessoa e o ambiente e exige o suprimento de suas demandas. Este estudo é qualitativo, Convergente-Assistencial, com o objetivo de conhecer os estressores decorrentes do processo de viver de pessoas com doença arterial coronariana (DAC). Foi desenvolvido no setor de hemodinâmica de um hospital de ensino do município de Florianópolis, orientado pelo referencial teórico de Lazarus e Folkman (1984). Integraram-no treze pessoas com DAC, de ambos os sexos, na faixa etária entre 34 e 69 anos e a maioria aposentados que realizaram cateterismo cardíaco. Os dados foram obtidos por meio de grupo de convivência, consulta de enfermagem e entrevista. Os resultados identificaram as categorias: perdas na capacidade física, no trabalho, nos relacionamentos sociais, no prazer de fumar e no prazer da alimentação; ameaças, relacionadas ao medo da morte, à preocupação com o futuro, ao temor de realização da cirurgia; e desafios, relacionados ao seguimento do tratamento: tomar medicamento, fazer acompanhamento médico, exames e internações, fazer dieta e exercícios físicos e realizar cirurgia cardíaca. Para os integrantes, as perdas relacionadas à capacidade física restringem as atividades diárias, comprometem sua autonomia, gerando dependência e limitação no cotidiano. Compromete também seu trabalho e as relações sociais. Ter que abandonar algo que dá prazer, como o prazer de fumar e o prazer na alimentação, afetam seu viver. A DAC como ameaça é representada pela percepção da fragilidade e dependência do desempenho de um órgão e a possibilidade do afastamento das pessoas amadas. A ameaça envolve a perda do controle e a imprevisibilidade de algo vir acontecer, como as complicações a que estão sujeitos e a necessidade de manter seus compromissos. A DAC, como desafio de seguir o tratamento, é referido como a necessidade de assumir novos hábitos, arcar com custos financeiro, buscar recursos e encarar o surgimento de efeitos colaterais dos medicamentos. O acompanhamento médico, exames e internações demandam tempo e energia para manter todos os compromissos, além da exposição a risco e dependência de cuidados profissionais. Fazer dieta e exercício é percebido como desafio por requerer novos conhecimentos, mudanças de hábitos e crença num futuro bem-estar. Os estressores decorrentes da DAC provocam impacto, impondo mudanças significativas no estilo de vida e no cotidiano na vida das pessoas.

Correspondência para: Maria Salete Lopes Natividade, e-mail:

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