Goiânia, 07 de novembro de 2005.

SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA HANSENÍASE NA MICRORREGIÃO DE ALMENARA/MG

Francisco Carlos Félix Lana

Ana Cláudia Nascimento de Carvalho

Andrigo Neves e Silva Lopes de Saldanha

Letícia Gonçalves Diniz

INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução crônica que atinge principalmente as camadas de baixo nível social. Apesar de todos os esforços realizados para sua eliminação, ela ainda é considerada um problema de saúde pública no Brasil. Objetivos: Analisar a situação epidemiológica da hanseníase na microrregião de Almenara, visando subsidiar a formulação de estratégias para sua eliminação. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo epidemiológico, de natureza ecológica. O cenário de estudo foi a microrregião de Almenara, no Vale do Jequitinhonha, escolhida devido a sua relevância epidemiológica e social no controle da endemia no Estado de Minas Gerais. Os dados foram coletados através das Fichas de Notificação de Hanseníase da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais dos anos de 1998 a 2004, sendo processados e analisados através do software EPI-INFO. RESULTADOS: Foram notificados 1046 casos de hanseníase no Vale do Jequitinhonha, sendo que desses 609 (58,2%) eram da microrregião de Almenara. As altas taxas de detecção encontradas (média de 5,07/10. 000 hab) colocam Almenara em uma situação de hiperendemicidade, segundo parâmetros do Ministério da Saúde. Observou-se um predomínio das formas clínicas multibacilares (69,9%) sobre as paucibacilares, com tendência de aumento na proporção das primeiras ao longo do período. Os casos descobertos através de busca ativa (exame de contatos e de coletividade) representaram apenas 8,4% do total. Dentre os registros, 45,8% apresentaram alguma incapacidade física (sendo 11,2% grau II), destes, 61,2% eram homens e 38,8% mulheres. CONCLUSÕES: Os resultados reforçam a posição da microrregião como prioritária para as ações de eliminação da hanseníase no Estado. O baixo percentual de casos diagnosticados através do exame de contatos sugere uma passividade dos serviços de saúde em relação ao controle da doença, resultando em diagnóstico tardio. Isto pode ser comprovado através do grande número de casos descobertos nas formas clínicas multibacilares e/ou com alguma incapacidade física. A situação encontrada nos permite inferir que estão ocorrendo falhas nos serviços responsáveis pelo controle da hanseníase na região e apontam para a necessidade de uma intensificação das medidas voltadas para sua eliminação. As estratégias devem fundamentar-se na descentralização das ações, reforçando o papel da Atenção Básica, principalmente do PSF, promovendo a sensibilização popular e a capacitação dos profissionais de saúde.

Correspondência para: Ana Cláudia Nascimento de Carvalho, e-mail: anacarvalho90@hotmail.com