Goiânia, 07 de novembro de 2005.

O CUIDADOR FAMILIAR NA DOENÇA DE ALZHEIMER E A UNIDADE BASICA DE SAUDE: UMA ANALISE CONTEXTUAL

Maria Betania Macielç da Silva

Bertha Cruz Enders

Rejane Maria Paiva de Menezes

Introdução - No Brasil o numero de idosos vem aumentando desde os anos 60, devido à diminuição das doenças parasitarias e infecciosas, a redução da taxa de fecundidade e o aumento da longevidade. Aumentam também as doenças prevalentes nesta população, como a doença de Alzheimer (DA). Pelas suas características de déficit cognitivo e dependência crônica, a DA traz demandas especiais à família do idoso e aos cuidadores de saúde. Este trabalho focaliza a DA e o cuidador familiar no contexto da unidade básica de saúde (UBS) visando a sua compreensão, esclarecendo o seu significado. Objetivo - Analisar os aspectos contextuais do indivíduo com Doença de Alzheimer sendo cuidado pelo familiar e sua relação com a assistência prestada na UBS. Metodologia – Estudo analítico com base nos aportes de Hinds, Chaves e Cypress para a compreensão do significado de um fenômeno como primeiro passo para sua definição como objeto de estudo. Nesta perspectiva, a análise do contexto de um fenômeno é realizada através do exame de quatro níveis de contexto (imediato, especifico, geral e metacontexto). Inicia com a descrição da Doença de Alzheimer e o impacto desta para os cuidadores (contexto imediato); passa pelas peculiaridades do local e das pessoas envolvidas, ou a descrição do centro de saúde (contexto específico); segue a análise dos significados individuais e culturais, a assistência prestada na unidade básica de saúde (contexto geral); finaliza com o metacontexto, ou as posições políticas e considerações macro acerca da DA. Resultados - DA e o cuidador familiar: Sabemos que a DA é a causa mais comum de demências entre adultos, afetando 20 milhões de pessoas no mundo e 40% dos octogenários e influindo na vida familiar. Acometido de uma inevitável solidão e abandono, ele cuida com erros e acertos e sofre de problemas conjugais, estresse e a queda da resistência. A dependência e incapacidade exigem serviços especializados e de suporte aos familiares cuidadores. O Centro de Saúde: A UBS em foco atende em média 170 pessoas/dia com uma equipe múltiprofissional. O enfermeiro acompanha os diversos programas do Ministério da Saúde (MS), entre eles a de saúde ao idoso, sob a forma de cuidado individual. A assistência no contexto geral: O modelo assistêncial é a demanda espontânea com atendimento em diversas especialidades. A perspectiva macro: Embora em 2002 o MS estabelece as redes estaduais de atenção à saúde ao idoso, a identificação e orientação do cuidador familiar e a comunicação entre estes e as UBS ainda não é realidade em alguns locais. A escassez de material bibliográfico reflete a necessidade de pesquisas sobre o cuidador como sujeito principal na rede de suporte, formal e informal. Considerações finais – A relação do cuidador familiar com os serviços da UBS, reflete uma prática flexneriana ineficiente e aponta a necessidade de ação política para superar as deficiências dos serviços e a construção científica para encontrar soluções.

Correspondência para: Maria Betania Macielç da Silva, e-mail: macielbetania@digizap.com.br