Goiânia, 07 de novembro de 2005.

SINGULARIDADE QUE NÃO DIFERE

Alana Leite Honorato

Isolina de Lourdes Rios Assis

O presente estudo teve como objetivo descrever os significados do cuidar da criança soropositiva na perspectiva de uma família adotiva. Para o desenvolvimento da pesquisa adotamos uma abordagem qualitativa com percurso fenomenológico. Foi utilizada para coletada de dados a técnica da análise de conteúdo preconizada por Bardin (2004). A entrada no campo de pesquisa se deu após parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da UFG. Os dados foram coletados a partir de entrevistas realizadas em domicílio e individualmente com cada sujeito, a entrevista se deu a partir de uma questão norteadora: " Pra você o que significa cuidar de uma criança adotiva sendo ela soropositiva?", onde os sujeitos falaram livremente. Após, as entrevistas foram transcritas e tratadas com o rigor da análise de conteúdo através de leitura exaustiva. Procuramos preservar o sigilo e a identidade dos sujeitos conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Para a identificação dos sujeitos foram utilizados nomes fictícios que foram dados a partir da identificação de um dos sujeitos com o filme "À Espera de Um Milagre", sendo atribuído aos sujeitos nomes dos personagens do filme. Das falas emergiram 4 categorias temáticas que deram origem ao tema: Singularidade que não difere: o significado do cuidar da criança portadora do HIV na perspectiva de uma família adotiva. As categorias são: 1. Cuidado Singular: O significado do cuidar está relacionado às peculiaridades da soropositividade. 2. Aceitação da Família: A aceitação denota que o cuidar não difere de uma normal que brinca, pensa, age e sente da mesma forma que outras crianças da sua idade. 3. Envolvimento: O significado do cuidar é definido pelo envolvimento emocional que o ato da adoção gera no grupo familiar. 4. Fé: O significado do cuidar tem conotação religiosa, onde a adoção da criança se baseia numa determinação de Deus e obediência à sua vontade. Este estudo mostrou que o cuidar da criança adotiva soropositiva carrega em si a singularidade da soropositividade, porém o cuidar como ser humano, como essência humana não difere. Inserido nesse novo paradigma adoção/HIV, o enfermeiro desempenha papel fundamental em elaborar plano de assistência integrada, individualizada, humanizada e não diferenciada que atenda as necessidades da família em cuidar da criança adotiva soropositiva, garantindo toda assistência necessária.