Início do Processo
O primeiro passo para concretização da iniciativa foi a definição da cooperação técnica entre o Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/FIOCRUZ) e o Decit. Em seguida, para organização do processo, foi realizada uma reunião colegiada, com a participação das instituições coordenadoras do processo e especialistas convidados para representar cada agravo e áreas técnicas do Ministério da Saúde.
Nessa reunião surgiram e foram pactuadas as estratégias para realização de uma oficina de trabalho, de âmbito nacional, com o objetivo de conhecer o estado da arte e definir as prioridades de pesquisa para cada doença.
Definição do elenco
de doenças negligenciada
Uma decisão importante, e que exigiu muita discussão, referiu-se à seleção do elenco de doenças negligenciadas a ser contemplado na chamada pública. Para elucidar a questão resgatou-se a evolução histórica do conceito de Doenças Negligenciadas, quando foi lembrado que essa discussão teve inicio em 1977, com a Fundação Rockefeller instituindo o Programa Great Neglected Diseases of Mankind que durou até o ano 2000. Nesse contexto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Médicos Sem Fronteiras (MSF) propuseram classificar as doenças em Globais, Negligenciadas e Mais Negligenciadas.
Inicialmente, foram consideradas as 10 doenças definidas atualmente pelo Programa Especial de Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais da OMS (TDR/OMS) como negligenciadas e, a partir desse elenco, foram selecionadas as seis doenças prioritárias em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em Saúde.
Critérios para a Composição
dos grupos de trabalho
O critério de escolha para a seleção dos pesquisadores participantes da fase preparatória da oficina de trabalho foi baseado na análise de produtividade de suas publicações no período 2000-2006, segundo o Web of Knowledge do Institute for Scientific Information relativos a cada doença negligenciada selecionada.
Para compor os grupos de trabalho da Oficina foi adotado o mesmo critério. A seleção dos gestores para compor os grupos de trabalho foi definida em conjunto com as áreas de controle de doenças e gestão de programas do Ministério da Saúde.
Percurso metodológico
A discussão passou a ser subsidiada pelo estudo de priorização de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em doenças negligenciadas, estudo esse desenvolvido por instituições internacionais, a partir da década de 90. O estudo propõe a categorização em dois modos: Modos 1 e 2 para compreender a geração de conhecimento, conforme detalhamento e adaptação constante do quadro abaixo:
1994: Diferentes modos de produção de conhecimento:
Modo 1 – Os problemas são identificados e resolvidos num contexto acadêmico que obedece a interesses de comunidades específicas.
Ex: CNPq, HHMI
Modo 2 – A busca do conhecimento visa uma aplicação prática
Ex: TDR, FINEP/MCT, Decit/MS e indústria.
Essa iniciativa, parceria do Departamento de Ciência e Tecnologia/MS (Decit) com a cooperação técnica do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde – (CDTS/FIOCRUZ) para Doenças Negligenciadas, encontra-se inserida no Modo 2. A expectativa é de que esse esforço resulte em aplicações práticas dos produtos da pesquisa, incentivo à transdisciplinaridade, com composição de equipes heterogêneas e controle de qualidade com critérios sociais, políticos e econômicos.
1997: O Quadrante de Pasteur e a pesquisa “inspirada no uso”
- Fracasso do modelo linear que separa a pesquisa básica da aplicada
- Ciência básica
- Necessária? SIM
- Necessária e suficiente? NÃO
- Um novo modelo:
- O plano conceitual bidimensional (Stokes, 1997)
Para o método do TDR, as 10 doenças negligenciadas podem ser agrupadas em 3 categorias conforme descrição abaixo:
Categoria 1 - Doença do sono – Dengue - Leishmaniose
- Doenças emergentes ou fora de controle.
- O foco deve ser na geração de novos conhecimentos e no desenvolvimento de novas intervenções e sistemas.
Categoria 2 - Malária – Esquistossomose - Tuberculose
- Apesar de existir uma estratégia de controle, a carga da doença persiste.
- As atividades de P&D cobrem um amplo espectro, mas estão focadas no desenvolvimento e testes de novas intervenções e estratégias.
Categoria 3 - Doença de Chagas – Hanseníase – Filariose e Oncocercose
As estratégias de controle são eficazes, a carga da doença diminui e planeja-se sua eliminação como problema de saúde pública.
A pesquisa procura melhorar as atuais atividades de controle e eliminar os riscos.
Para Morel, 2006 as três categorias necessitam de estratégias distintas de intervenção conforme demonstra a matriz abaixo: |