Os desafios de oferecer novos alimentos aos bebês


O aleitamento materno é a melhor opção de alimentação para os bebês, sendo recomendado de forma exclusiva até os seis meses de vida. A partir dessa idade, o bebê precisa da complementação de nutrientes de outros alimentos para continuar seu desenvolvimento saudável, mesmo sendo amamentado no peito. Durante este processo, são bastante comuns as dúvidas, dificuldades, receios e ansiedades dos pais. O fundamental para a fase de introdução alimentar é manter a calma e ter consciência que, além de apresentar a criança novos sabores e texturas, você terá a chance de ajudar a construir práticas saudáveis que serão levadas para toda a vida.

A amamentação é recomendada até 2 anos ou mais. O leite acompanha o crescimento do bebê e ainda contém proteínas, vitaminas, energia e anticorpos para a melhor proteção da criança. As papinhas doces e salgadas devem entrar em cena, complementando a alimentação. Por volta dos 8 meses, a criança poderá receber os alimentos preparados para a família, sem excesso de sal ou gordura. 

Para ajudar na formação do paladar, sempre apresente novos sabores, variando os alimentos, consistência ou formas de preparo. É importante que a criança possa pegar pequenos pedaços de alimentos, como tirinhas de legumes, carnes ou frutas, despertando nelas a curiosidade e o desejo de levá-los à boca. Nunca force a criança a comer e procure criar uma atmosfera agradável.

A jornalista Roseane Guimarães é mãe de Rafaella, de 10 meses, e conta que o processo de introdução alimentar da filha foi tranquilo e cheio de descobertas. “Amamentei exclusivamente até os 6 meses e hoje com 10 ela ainda mama três vezes ao dia. Começamos a introdução com frutas. Algumas ela aceitou super bem, outras não. Principalmente por conta das texturas”, disse.

Perto de completar um ano, Rafaella já come de tudo e demonstra ter seus favoritos. “Hoje ofereço os alimentos preparados sem sal e sem óleo, sem triturar ou amassar muito. Ela sabe o sabor de cada coisa. Acredito que isso é essencial para que o bebê tenha uma experiência completa no paladar. Ela, por exemplo, ama banana. Se vê uma já abre a boca”, diz a mãe.

A introdução dos alimentos complementares deve ser lenta e gradual. Deve-se ter consciência que criança tende a rejeitar as primeiras ofertas dos alimentos, pois tudo é novo: a colher, a consistência e o sabor. Há crianças que se adaptam facilmente e aceitam muito bem os novos alimentos. Outras precisam de mais tempo, não devendo esse fato ser motivo de ansiedade e angústia para as mães. No início da introdução dos alimentos, a quantidade que a criança ingere pode ser pequena. Após a refeição, se a criança demonstrar sinais de fome, poderá ser amamentada.

Também é importante que a criança receba água nos intervalos das refeições. A água oferecida deve ser a mais limpa possível (tratada, filtrada e fervida). O Ministério da Saúde recomenda que seja incluído nas refeições ofertadas para as crianças os alimentos in natura, obtidos diretamente de plantas ou de animais e sem sofrerem qualquer alteração após deixar a natureza ou minimamente processados, que são os que foram submetidos a processos de limpeza, remoção de partes não comestíveis ou indesejáveis, fracionamento, moagem, secagem, fermentação, pasteurização, refrigeração, congelamento e processos similares que não envolvam agregação de sal, açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias ao alimento original.

Alguns exemplos desses alimentos são os legumes, verduras, frutas, batata, mandioca e outras raízes e tubérculos in natura ou embalados, fracionados, refrigerados ou congelados; arroz branco, integral ou parabolizado, a granel ou embalado; milho em grão ou na espiga, grãos de trigo e de outros cereais; feijão de todas as cores, lentilhas, grão de bico e outras leguminosas; cogumelos frescos ou secos; carnes de gado, de porco e de aves e pescados frescos, resfriados ou congelados; ovos; e água potável. Para facilitar alimentação do bebê, o Blog da Saúde apresenta sugestões de esquema alimentar e cardápio.

Ao completar 6 meses, crianças amamentadas e não amamentadas devem receber:

• Com seis meses: 2 papas de frutas e 1 papa salgada. 
• Ao completar 7 meses até 12 meses: 2 papas de frutas e 2 papas salgadas. 
• A papa salgada deve conter um alimento de cada grupo: legumes e/ou verduras, cereal ou tubérculo, feijões e carne ou vísceras ou ovo. 
• Quando a criança completar 12 meses, uma refeição adicional deve ser adicionada ao esquema.
• No início, os alimentos complementares devem ser especialmente preparados para a criança, cozidos em água suficiente para ficarem macios, ou seja, deve sobrar pouca água na panela. 
• A consistência deve ser pastosa e não há necessidade de passar na peneira ou liquidificador, eles podem ser amassados rusticamente garfo. 
• A consistência deve ser gradativamente aumentada com o passar da idade para que com 10 ou 12 meses a consistência já esteja mais parecida com a consistência da comida da família.
• O ideal é que as crianças recebam refeições frescas. 
• As papas prontas devem ser usadas em situações em que os responsáveis estão impossibilitados de preparar e levar a comida da criança ou sabem que não encontrarão opções saudáveis para ofertar à criança, como, por exemplo, durante uma viagem de carro ou avião. No entanto, é importante prestar atenção à lista de ingredientes e escolher sempre as papas que não foram adicionadas de conservantes ou outros produtos químicos.

Fonte: Gabriela Rocha/ Blog da Saúde

Fotos: Arquivo Pessoal Roseane Guimarães