AGROTÓXICOS


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FERREIRA, Verona Borges; SILVA, Thadia Turon Costa da; GARCIA, Silvia Regina Magalhães Couto; SRUR, Armando Ubirajara Oliveira Sabaa. Estimativa de ingestão de agrotóxicos organofosforados pelo consumo de frutas e hortaliças. Cadernos de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p. 216-221, abr./jun. 2018. Disponível em Scielo

Introdução: A agricultura no Brasil caracteriza-se pelo uso elevado de agrotóxicos. Os inseticidas organofosforados estão entre a classe de agrotóxicos mais intensamente aplicados. Objetivo: Estimar a ingestão de resíduo de agrotóxicos organofosforados por crianças e adultos, considerando o consumo da população brasileira e a recomendação diária de frutas e hortaliças (FH). Método: Foram calculados a Estimativa Diária de Ingestão (EDI) e o percentual da Ingestão Diária Aceitável (%IDA) de acordo com a metodologia proposta pela WHO e FAO, em que %IDA > 100 caracteriza um possível risco de ingestão de agrotóxicos. Os dados sobre a concentração do agrotóxico no alimento foram obtidos do Programa de Análise de Resíduo de Agrotóxicos. Os dados sobre consumo do alimento e o peso corpóreo da população em estudo foram obtidos da Pesquisa de Orçamento Familiar de 2008-2009. A recomendação de ingestão de FH preconizada para uma dieta saudável foi de 400 gramas/dia. Resultados: Com base no consumo alimentar da população brasileira, apenas o agrotóxico metidationa excedeu o parâmetro toxicológico de segurança para crianças. Caso o consumo de FH pela população brasileira alcançasse a recomendação da WHO, seis agrotóxicos excederiam o %IDA para crianças: diazinona, dicofol, dimetoato, metamidofós, metidationa e protiofós. Já para adultos, três agrotóxicos excederiam o %IDA: dicofol, metamidofós e metidationa, deflagrando o uso indiscriminado desses inseticidas. Conclusão: A promoção do consumo de FH deve vir acompanhada de programas de monitoramento da comercialização, do uso desses agentes químicos e dos seus resíduos nos alimentos.