084
DOURADO, Inês; VERAS, Maria Amélia de S. M.; BARREIRA,
Dráurio et al. Tendências da epidemia de Aids no
Brasil após a terapia anti-retroviral.Revista de
Saúde Pública, São Paulo, v. 40, supl.,
p. 9-17, abr. 2006. Disponível em: Scielo.
OBJETIVO: A terapia anti-retroviral disponível no Brasil
a partir de 1996, modificou o curso da epidemia de Aids, alterando
sua evolução e tendências. Nesse sentido, o
estudo teve por objetivo avaliar a epidemia da Aids no Brasil, nos
seus aspectos epidemiológicos. MÉTODOS: Estudo realizado
a partir de bases de dados do Ministério da Saúde
que caracterizavam a evolução temporal da Aids nas
macrorregiões brasileiras, de 1990 a 2003. Foram utilizados
modelos de regressão exponencial, ajustados à série
temporal de 1990 a 1996 e estimados valores esperados para toda
a série. RESULTADOS: O percentual de internações
não se modificou no tempo, mas ocorreu diminuição
de hospitalizações entre os usuários de terapia
anti-retrovial. Houve um incremento de 2,7 vezes no número
de indivíduos em uso da terapia, de 1997 a 2003. Incidência
e mortalidade apresentaram crescimentos uniformes até 1995,
em todas as regiões. A partir de 1996, verificou-se uma redução
progressiva da mortalidade, embora a incidência continue crescendo.
Em todas as regiões, exceto a Norte, as incidências
esperadas foram maiores do que as observadas nos últimos
anos, embora as diferenças somente tenham atingido níveis
de significância estatística nas regiões Sudeste
e Centro-Oeste. CONCLUSÕES: As mudanças observadas
no perfil de morbi-mortalidade da epidemia de Aids no Brasil poderiam
ser explicadas pelo amplo acesso a terapia anti-retroviral. Tal
fato representou um impacto importante sobre a mortalidade por HIV/Aids,
porém, outros fatores devem ser considerados, como idade
da epidemia, medidas de prevenção, conhecimento sobre
HIV/Aids e anos de escolaridade.
ACESSO A MEDICAMENTOS
085
GRANGEIRO, Alexandre; TEIXEIRA, Luciana; BASTOS, Francisco I. et
al. Sustentabilidade da política de acesso a medicamentos
anti-retrovirais no Brasil.Revista de Saúde Pública,
São Paulo, v. 40, supl., p. 60-69, abr. 2006. Disponível
em: Scielo.
OBJETIVO: Os gastos com a aquisição de anti-retrovirais
no Brasil têm suscitado debates sobre a sustentabilidade da
política de acesso universal a medicamentos para Aids, a
despeito de seus evidentes benefícios. O objetivo do estudo
foi analisar, no período de 1998 a 2005, a evolução
dos gastos do Ministério da Saúde do Brasil com a
aquisição de anti-retrovirais e seus determinantes,
assim como a sustentabilidade desta política a médio
prazo (2006-2008). MÉTODOS: O estudo da evolução
dos gastos com anti-retrovirais compreendeu a análise de
seus preços, do dispêndio ano a ano, do número
de pacientes que utilizam a medicação, do gasto médio
por paciente e das estratégias para a redução
de preços adotadas no período. No tocante à
análise de sustentabilidade da política de acesso
a anti-retrovirais foram estimadas as despesas com a aquisição
de medicamentos no período de 2006 e 2008 e a participação
desses gastos no Produto Interno Bruto e nas despesas federais com
saúde. Os dados foram coletados do Ministério da Saúde,
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Ministério
do Planejamento. RESULTADOS: As despesas com anti-retrovirais aumentaram
66% em 2005, interrompendo a tendência de redução
observada no período 2000-2004. Os principais fatores associados
a esse aumento foram o enfraquecimento da indústria nacional
de genéricos e os resultados insatisfatórios dos processos
de negociação com empresas farmacêuticas. CONCLUSÕES:
A política de acesso universal no Brasil não é
sustentável com as atuais taxas de crescimento do Produto
Interno Bruto, sem que o País comprometa investimentos em
outras áreas.
DIREITOS HUMANOS
086
OLIVEIRA, Rosa Maria Rodrigues de. Gênero, direitos humanos
e impacto socioeconômico da Aids no Brasil.Revista
de Saúde Pública, São Paulo, v. 40, supl.,
p. 80-87, abr. 2006. Disponível em: Scielo.
Foi realizada análise crítica, levando-se em consideração
as questões de gênero, dos resultados oficiais do relatório
do governo brasileiro para o Programa Conjunto das Nações
Unidas para o HIV/Aids - UNAIDS. Mais especificamente, foi abordado
o cumprimento das metas resultantes da Declaração
de Compromisso sobre HIV/Aids, nos itens Direitos humanos e Redução
do Impacto Social e Econômico da Aids até o ano de
2003. Foram apontados os conceitos chave incluindo reflexões
sobre os indicadores e estratégias que auxiliam a sociedade
civil organizada a efetivar seu monitoramento até 2010.
PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA
087
VILLELA, Wilza; VELOSO, José Carlos. Participação
da sociedade civil no seguimento das ações frente
à Aids no Brasil.Revista de Saúde Pública,
São Paulo, v. 40, supl., p. 88-93, abr. 2006. Disponível
em: Scielo.
A Declaração de Compromisso sobre o HIV/Aids das
Nações Unidas recomenda que os governos realizem análises
periódicas das suas ações frente à epidemia
do HIV/Aids, com a participação da sociedade civil.
Para isso, devem ser criados mecanismos e instrumentos específicos.
O presente trabalho examina algumas das respostas do governo brasileiro
a esta recomendação. Foi feita uma análise
da proposta de seguimento contida na Declaração e
sua adequação à realidade brasileira, em relação
à participação da sociedade civil. Discutiram-se
os limites e as potencialidades do MONITORAIDS, matriz de indicadores
construída pelo Programa Nacional de DST/Aids para monitoramento
da epidemia. Os resultados mostraram que a complexidade do MONITORAIDS
dificulta sua utilização pelo conjunto de atores envolvidos
na luta contra a Aids. Sugere-se que se estabeleçam mecanismos
que facilitem a apropriação desse sistema por todos
aqueles comprometidos com o enfrentamento da epidemia no País.
PRESTAÇÃO DE CUIDADOS À SAÚDE
088
PORTELA, Margareth Crisóstomo; LOTROWSKA, Michel. Assistência
aos pacientes com HIV/Aids no Brasil.Revista de Saúde
Pública, São Paulo, v. 40, supl., p. 70-79, abr.
2006. Disponível em: Scielo.
O trabalho teve por objetivo avaliar a assistência à
população com Aids no Brasil e a capacidade do Sistema
Único de Saúde (SUS) de prover intervenções
para enfrentamento da epidemia e discutir a sustentabilidade da
iniciativa brasileira de distribuição universal e
gratuita dos anti-retrovirais. O trabalho considerou dados originais
de uma pesquisa sobre a capacidade potencial de distribuição
de uma futura vacina anti-HIV no Brasil, envolvendo 119 entrevistados.
Nas abordagens da assistência hospitalar e da assistência
farmacêutica foram utilizados dados do Sistema de Informações
Hospitalares do SUS e do Sistema de Controle Logístico de
Medicamentos do Programa Nacional de DST/Aids. Os resultados mostraram
bom desempenho da política de distribuição
de anti-retrovirais. Entretanto, o acesso ao tratamento de doenças
oportunistas foi deficitário. Os valores pagos pelo Sistema
Único de Saúde pelas internações por
Aids mantiveram-se muito baixos, com valor médio em torno
de R$700,00, em 2004. A assistência a pacientes com HIV/Aids
no Brasil tem sido tratada como um direito do cidadão, com
o respaldo de uma articulação efetiva entre as esferas
de governo e a sociedade civil. Os desafios que se colocam atualmente
dizem respeito ao monitoramento mais fino dos processos e resultados
obtidos e à sustentabilidade da distribuição
universal e gratuita de anti-retrovirais.
SÍNDROME DE IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA
PREVENÇÃO E CONTROLE
089
PAIVA, Vera; PUPO, Ligia Rivero; BARBOZA, Renato. O direito à
prevenção e os desafios da redução da
vulnerabilidade ao HIV no Brasil.Revista de Saúde
Pública, São Paulo, v. 40, supl., p. 109-119,
abr. 2006. Disponível em: Scielo.
O estudo analisa a resposta brasileira em contraste com as metas
estabelecidas para a prevenção do HIV/Aids pela UNGASS.
Analisaram-se pesquisas nacionais, documentos e informações
do Programa Nacional de DST/Aids e dos planos de ações
e metas estaduais. O Brasil conta com vários programas de
prevenção que atendem às metas da UNGASS propostas
para 2005. Incluem o confronto do estigma e da discriminação,
o estímulo ao teste anti-HIV, a distribuição
de preservativos, a troca de seringas, a abordagem franca da sexualidade
nas escolas, a prevenção entre trabalhadores do sexo
e homossexuais e nos locais de trabalho, que resultaram no crescimento
da testagem e do uso do preservativo masculino. Foram discutidos
vários desafios: superar a descontinuidade das ações,
especialmente junto a alguns grupos mais vulneráveis; capacitar
equipes de prevenção; ampliar o monitoramento da qualidade
e quantidade das ações de prevenção;
superar as desigualdades regionais, de raça e de gênero.
Concluiu-se que o direito à prevenção não
é prioridade nas instâncias públicas de controle
social ou nas agendas do movimento social, como tem sido o direito
ao melhor tratamento dos portadores do HIV. Para ampliar a efetividade
dessas ações, sugere-se compreendê-las e pactuá-las
tendo como referência a promoção e garantia
de direitos humanos, abrindo espaços para o debate ético-político
no nível local e nacional.