Goiânia, 07 de novembro de 2005.

RELAÇÃO FAMILIAR E SOCIAL DO DOENTE MENTAL

Domingos de Oliveira

Cláudia Virgínio S. Caldeira

INTRODUÇÃO: A atenção à saúde mental, no Brasil, vem sofrendo mudança no modelo assistencial, mais voltado para a comunidade, que visa a atender o portador de sofrimento psíquico de forma mais humanizada, socializante, solidária e eficaz. Nesse modelo vigente a família passou a ser vista como uma grande aliada na recuperação do doente, desinstitucionalizando-o. É fato que a família é capaz de promover melhor qualidade de vida e inclusão social do portador de sofrimento psíquico, mas ela só vai conseguir alcançar esse objetivo se receber suporte, preparo, apoio e orientação. OBJETIVOS: Descrever o relacionamento familiar e social dos doentes mentais, acompanhados de forma intensiva e semi-intensiva pelo CAPS II de Palmas - TO. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo não experimental, descritivo e transversal, quanti-qualitativo, aplicado a uma amostra de 49 familiares dos usuários acompanhados neste serviço de saúde mental. A coleta dos dados foi realizada através de um instrumento semi-estruturado, com perguntas abertas e fechadas mediante assinatura do termo de consentimento Livre e Esclarecido. RESULTADOS: 65% dos entrevistados eram do sexo masculino; 22% dos usuários do CAPS moram com os filhos, 18% moram com irmãos, 40% moram com os pais, 17% com o esposo e 3% residem com outros familiares. Existe um baixo grau de escolaridade entre os doentes mentais e seus familiares: 74% não conseguiu completar o equivalente ao primeiro grau. 92% dos usuários estudados não trabalham, e 61% não possui renda. 57% das famílias possuem renda de até 2 salários mínimos. De uma forma geral os usuários do CAPS têm boas condições para a realização do autocuidado. No relato dos familiares observou-se que: há pouca estimulação para as atividades sociais por parte da família e baixa participação dos doentes mentais nas decisões familiares. 69% dos familiares consideram muito estressante conviver com o seu familiar doente, citando como fatores estressantes a agressividade e a dependência; os familiares têm pouco ou nenhum conhecimento sobre a patologia do usuário e sobre os medicamentos que o mesmo utiliza. A maioria (77,5%) dos entrevistados desconhece o serviço de apoio à família disponibilizado pelo CAPS. CONCLUSÃO: A baixa escolaridade de pacientes e familiares deve ser levada em conta pela equipe de cuidado, pois pode interferir no tratamento. As famílias dos usuários não estão preparadas para cuidar do seu membro com doença mental, necessitando de mais apoio da equipe.

Correspondência para: Domingos de Oliveira, e-mail: domingos@ulbra-to.br