REFLETINDO A RESOLUTIVIDADE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Helen Regina Pinheiro Rodrigues
Olívia Vial
Maria Ambrosina Cardoso Maia
Acredita-se que a busca por novos modelos de assistência decorrem de um momento histórico-social. O presente estudo faz uma contextualização das políticas de saúde no Brasil desde os antecedentes do SUS até a sua criação em 1990, incluindo os conceitos de atenção primária que foram viabilizados através da formulação e implementação do Programa Saúde da Família surgiu como uma estratégia política para mudar o modelo assistencial. O objetivo do estudo é analisar o motivo da demanda de assistência primária no Pronto Socorro de Passos de modo a refletir a resolutividade da rede básica. O pressuposto da discussão é a distorção organizacional dos níveis em que está configurado o SUS, onde o pronto socorro se legitimou como �a porta de entrada principal� para acessar o sistema público de saúde atendendo uma grande demanda de pessoas com doenças crônico-degenerativas que poderiam estar sendo acolhidas em outros locais da rede como no PSF e UBS. Com base numa abordagem quanti-qualitativa aplicamos uma entrevista semi-estruturada aos usuários que aquardavam atendimento na recepção do pronto socorro. Dentre os resultados obtidos consideramos: o baixo nível de escolaridade dos usuários sendo que 54,3% possui o primeiro grau incompleto, 23,9% possui o segundo grau incompleto, 13% possui primeiro grau completo; a renda familiar de 71,7% dos entrevistados varia de 1-2 salários mínimos. Percebemos que o baixo nível educacional e o baixo poder aquisitivo influencia diretamente na maneira como os usuários utilizam os serviços de saúde e torna compreensível seus anseios ao buscá-lo. Encontramos que a cultura medicalocêntrica também tem levado as pessoas ao P. S em busca de soluções imediatas para seus problemas de saúde. Mas a principal causa da distorção da demanda está na dificuldade de acesso aos bens e serviços do PSF e UBS. As causas da dificuldade de acesso encontram-se nas limitações políticas e financeiras, na maneira como os usuários são acolhidos nas UBS, na deficiência qualitativa de recursos humanos com perfil em saúde pública dentre outras discutidas no trabalho. Entendemos que estes problemas bem como suas soluções encontram-se em planos macro e microestruturais mas uma condição necessária para mudar o modelo biomédico e garantir o aumento da resolutividade das ações é a incorporação do princípio de responsabilização pela saúde dos usuários por parte dos gestores, planejadores e profissionais de saúde assumindo o papel de agente transformador da realidade.
Correspondência para: Helen Regina Pinheiro Rodrigues, e-mail: enf.helen@bol.com.br |