OS CUSTOS DO CUIDADO DOMICILIAR: UMA ANÁLISE
Hosana Ferreira Rates
Roseni Rosângela de Sena
Alda Martins Gonçalves
Com o aumento da expectativa de vida e da prevalência das doenças crônico-degenerativas e em face às políticas de desospitalização e humanização, verifica-se a necessidade de alterar prioridades para o uso dos leitos hospitalares. Dessa forma é essencial implementar ações assistenciais diferenciadas no hospital-dia, no domicílio como espaço privilegiado para o cuidado. Diante da importância do locus domicílio para a implementação do cuidado e da insuficiência de estudos sobre o tema no Brasil, verificou-se a necessidade de aprofundar conhecimentos teóricos, por meio de revisão bibliográfica para fundamentar a pesquisa exploratória sobre o custo do cuidado domiciliar - direto e indireto. A busca de literatura realizou-se através de pesquisas em livros, dissertações e periódicos, de circulação nacional e internacional, em base de dados científicos que abordam assuntos referentes ao cuidado no domicílio e, em especial os custos do cuidado domiciliar, no período de 1999/2005. O material encontrado revela que o cuidado no domicílio se realiza, fundamentalmente, à custa do trabalho e tempo das mulheres. Destaca-se que a responsabilidade de cuidar supõe uma elevada dedicação de tempo das cuidadoras, porém o custo é muito mais amplo do que o resultado de somar horas dedicadas à realização do cuidado. Os dados apontam que as famílias contam com recursos financeiros e materiais insuficientes para a realização do cuidado e para a manutenção das despesas da casa. Os gastos com materiais de higiene pessoal, medicamentos e alimentação do ser cuidado são citados como superior às condições financeiras da família. No Brasil, a Portaria 2. 416 de 23 de março de 1998 dispõe sobre a internação domiciliar, mas não engloba os custos que estão sendo assumidos pelas famílias. A sobrecarga do ato de cuidar tem impacto nos diferentes aspectos da vida da cuidadora tanto de forma subjetiva como subjetiva. Elas abdicam de um trabalho remunerado para serem cuidadoras. Aliado a esses fatores aponta-se que cuidar no domicílio acarreta um custeio elevado para a realização e manutenção das atividades cuidativas. Observa-se a insuficiência de apoio sistemático dos serviços de saúde no ato de cuidar no domicílio. Conclui-se que é necessário implementação de políticas públicas de atenção ao cuidado domiciliar, principalmente relacionado aos custos oriundos das atividades cuidativas e que atenda não somente o ser cuidado, mas também a cuidadora.
Correspondência para: Hosana Ferreira Rates, e-mail:
hosanabh@yahoo.com.br
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