A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCALA DE ATITUDES FRENTE AO ALCOOLISMO
Divane de Vargas
Margarita Antonia Villar Luis
Desenvolveu-se uma escala para medir atitudes de enfermeiros frente ao álcool, ao alcoolismo e ao alcoolista (EAFAAA). Trata-se de uma escala do tipo likert baseada na teoria de Pasqualli (1999). Para a elaboração dos itens da escala numa etapa inicial, realizou-se entrevista semi-estruturada com 30 enfermeiros, e da análise destas entrevistas foi extraído um total de 225 itens. O total dos itens foi submetido a análise. Após a análise somente 165 permaneceram. A escala composta por 165 itens foi submetida a um estudo-piloto com o objetivo de verificar as características estatísticas da mesma, para isso o instrumento foi testado numa população de 144 estudantes de enfermagem do último ano, de duas faculdades privadas. De posse dos instrumentos respondidos pelos 144 sujeitos, criou-se um banco de dados no programa SPSS (Satatistical Package for the Social Sciences v. 8 for Windows), através do qual procedeu-se à análise estatística do instrumento. A análise fatorial originou uma escala composta por 96 itens divididos em cinco fatores: Fator 1: O Alcoolista, o trabalhar e o relacionar-se com o mesmo; Fator 2: Etiologia; Fator 3: Doença; Fator 4: Repercussões decorrentes do uso/abuso do álcool e Fator 5: A Bebida alcoólica. A consistência interna foi de 0,9068 (alfa). As correlações item-escore total variaram entre 0,35 e 0,65 com média de 0,50. Os dados de confiabilidade acima citados permitem concluir que se obteve um instrumento adequado para a finalidade e que pode ser útil para o conhecimento das atitudes de enfermeiros frente às questões referentes ao álcool, ao alcoolismo e ao alcoolista. Uma vez confirmada a confiabilidade da EAFAAA, a mesma foi testado numa população de 148 enfermeiros. A análise dos dados revelou que tanto enfermeiros quanto estudantes de enfermagem aceitam o alcoolismo enquanto doença, demonstrando atitudes positivas frente à mesma, porém encontrou-se uma parcela significativa de sujeitos com atitudes moralistas e condenatórias no que se refere a pessoa do alcoolista, concebendo-o inclusive como culpado por seus problemas de saúde. Sugere-se que outros estudos envolvendo a escala construída sejam realizados, no sentido de aprimorar sua qualidade estatística. Aponta-se ainda a necessidade de maior atenção à temática nos currículos de enfermagem, bem como a necessidade de novos métodos para a mudança de atitudes profissionais frente ao álcool, ao alcoolismo e ao alcoolista.
Correspondência para: Divane de Vargas, e-mail: devargas@eerp.usp.br
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