Goiânia, 07 de novembro de 2005.

ADESÃO A VACINA CONTRA HEPATITE B EM USUÁRIOS DE DROGAS

Fabiana Perez Rodrigues

Sheila Araújo Teles

Ana Rita Coimbra Motta Castro

Estima-se em 400 milhões de portadores do vírus da hepatite B (VHB) em todo o mundo. A hepatite B é transmitida por via sexual e parenteral. Assim, usuários de drogas apresentam um risco elevado para esta infecção. A principal forma de prevenção da hepatite B é a vacina contra o VHB. Embora disponível para usuários de drogas há mais de 20 anos, a cobertura vacinal neste grupo tem sido muito baixa. O objetivo deste trabalho é avaliar a adesão as três doses da vacina contra o VHB em usuários de drogas institucionalizado. Este estudo poderá contribuir para a formulação de novas estratégias de imunização nesta população. Em abril 2005, iniciou-se um estudo em 55 usuários de drogas ilícitas em um centro de recuperação de Campo Grande/MS. Após contato e autorização dos participantes, realizou-se uma entrevista para coleta de dados sócio-demográficos e fatores de risco para a infecção pelo VHB. A seguir, foi oferecida a vacina contra hepatite B. Aos que aceitaram, administrou-se a mesma, conforme recomendações do Ministério da Saúde. Os dados foram analisados com o programa estatístico �Epi Info 6� versão 2002, CDC, EUA. A maioria dos entrevistados era homem (98%), com idade = 40 anos (84,5%) e brancos (69%), sendo 53% solteiros, 18,2% separados e 29,2% casados/amasiados. Do total, 53% e 45,4% possuíam o 1º e 2º grau completo, respectivamente. Somente 1,6% tinha nível universitário. Quanto ao perfil de usuário, 75,5% são consumidores de drogas ilícitas não injetáveis, 22,5% injetáveis e não injetáveis e 2% faz uso apenas de drogas injetáveis. Outros fatores de risco para o VHB foram identificados como presença de tatuagens no corpo (41,8%), e antecedentes de prisão (62%). Somente 20% dos participantes referiram vacinação prévia contra hepatite B. Dentre os não vacinados, todos aceitaram a primeira dose da vacina. Contudo, somente em 41,8% foi administrada a segunda dose. Os demais não foram encontrados no centro de recuperação, por terem completado o tempo de tratamento ou devido à fuga. A terceira dose será administrada em outubro de 2005. O longo intervalo entre a 2ª e 3 ª dose parece contribuir para os baixos índices de vacinação neste grupo. Portanto, um esquema alternativo com intervalo menor entre a 2ª e 3ª dose, ou de duas doses reforçadas poderiam aumentar a cobertura vacinal contra o VHB nestes indivíduos.


Correspondência para: Fabiana Perez Rodrigues, e-mail: fabiana@uems.br