Goiânia, 07 de novembro de 2005.

A DISMENORRÉIA COMO PROBLEMA DE SAÚDE NA ADOLESCÊNCIA

Miriam Heidemann

Dismenorréia é a presença de dor intensa, sob forma de cólica uterina durante a menstruação. Gera falta à escola, o que significa um problema social. Nosso objetivo é identificar a incidência da dismenorréia e os sintomas associados em adolescentes, destacar a qualidade de tratamento utilizado para alívio das dores ocasionadas, detectar o impacto da dismenorréia na rotina escolar, apontar a percepção dos pais diante das queixas de suas filhas. Em estudo realizado em Petrópolis (RJ), em 2005, através de inquérito com 100 alunas de escola particular (Colégio Santa Teresa DÀvila) e 100 alunas de escola pública (Escola Estadual Irmã Cecília Jardim) matriculadas no ensino médio, constatamos a idade média dos grupos pesquisados de 16,4 anos. 9,5% das entrevistadas apontaram cefaléia como a única queixa do período menstrual. A mastalgia se fez presente em 62% dos casos, sendo a queixa mais freqüentemente, seguida pela instabilidade emocional (44,5%), náuseas e vômitos (19%), astenia (9,5%), lipotímias (2%). Outros sintomas foram referidos por 21,5% das adolescentes estudadas, incluindo-se estes: calafrios, diarréia, lombalgia, dores pélvicas, dores em membros inferiores, edema em diversos sítios corporais. Sobre o rendimento escolar, 30% admitiram que a dismemorréia atrapalha o rendimento escolar. São os fatores utilizados para alívio: 43% com medicação alopática sem prescrição médica, 54% com uso de medicação caseira, 3% não foi achado nenhum fator de alívio. Somente 6% das adolescentes seguem algum tipo de tratamento médico para a dismenorréia. Em relação à vida familiar, 80% das adolescentes declararam que a família é indiferente às suas queixas, 11% que o tratamento fornecido no meio familiar é �ilógico e absurdo� (SIC) e 9% que a família aceita e procura ajudar nesse período. Sobre o consumo de alimentos, o café recebeu 56% das respostas afirmativas, o chocolate 78%, alimentos gordurosos 49%, doces em geral 88%. A queixa de dismenorréia não pode ser respondida como característica normal da adolescente. A dismenorréia deve ser considerada pelos Enfermeiros como um problema de saúde. O excesso de dor gera a auto-medicação. A adolescente se obriga a fazer uso sistemático de substâncias e chás que nem sempre são eficientes para o seu caso, gerando efeitos colaterais e conseqüências futuras desconhecidas.

Correspondência para: Miriam Heidemann, e-mail: miriam@fog.br