Goiânia, 07 de novembro de 2005.

TRICOTOMIA EM CIRURGIAS INTRACRANIANAS E SUA INFLUÊNCIA NA AUTO-ESTIMA

Suellen Naomi Yoshinaga

Solange Diccini

INTRODUÇÃO: A tricotomia no local operatório tem a finalidade de reduzir o risco de infecção e auxiliar na visualização do campo cirúrgico. Em pacientes com patologias neurocirúrgicas, a tricotomia do couro cabeludo é realizada no centro-cirúrgico antes do início da cirurgia. OBJETIVOS: O estudo teve como objetivos avaliar os tipos de tricotomia realizados no couro cabeludo no pré-operatório imediato de cirurgias intracranianas e relacionar os tipos de tricotomia com as alterações da auto-estima do paciente no pós-operatório. METODOLOGIA: Estudo prospectivo realizado na Unidade de Neurocirurgia do Hospital São Paulo, de agosto de 2004 a maio de 2005. Os pacientes incluídos tinham idade igual ou superior a 18 anos internados na unidade para cirurgia eletiva. Os pacientes excluídos foram aqueles que evoluíram com alteração do nível de consciência no pós-operatório e pacientes anteriormente submetidos a cirurgias intracranianas. Os tipos de tricotomia do couro cabeludo foram avaliados a partir do 2º dia de pós-operatório e classificados em: faixa, hemicraniana, bicoronal, total e occipital. O paciente respondia um questionário sobre a alteração da auto-estima causada pela tricotomia, com os seguintes itens: insegurança, depressão, interação social, vergonha e autoconfiança. RESULTADOS: Foram incluídos 30 pacientes, 19 (63,3%) do sexo feminino e 11 (36,7%) do sexo masculino. A idade mediana foi de 46 anos, variando de 24 a 67 anos. Os diagnósticos cirúrgicos foram: 17 (56,7%) pacientes com tumores supratentoriais, 9 (30%) com aneurismas cerebrais, 3 (10%) com tumores infratentoriais e 1 (3,3%) com malformação de Arnold Chiari. Em relação aos tipos de tricotomia realizadas, 22 (73,3%) foram do tipo em faixa, 3 (10%) em região occipital, 2 (6,7%) do tipo bicoronal, 2 (6,7%) total e 1 (3,3%) do tipo hemicraniana. Do total de pacientes avaliados, 14 (46,7%) relataram que a tricotomia afetou a auto-estima, sendo 18 (60%) pacientes sentiram-se menos atraentes, 13 (43,3%) sentiram-se inseguros, 6 (20%) com alteração na relação social, 11 (36,7%) sentiram vergonha e 2 (6,6%) com diminuição da autoconfiança. Nenhum dos pacientes tiveram depressão devido à tricotomia. CONCLUSÕES: O tipo mais freqüente de tricotomia utilizada em pacientes neurocirúrgicos foi em faixa e a tricotomia afetou a auto-estima em 46,7% dos pacientes. Os sentimentos como perda da atração, insegurança e vergonha foram os mais afetados devido à tricotomia do couro cabeludo. Financiamento: CNPq

Correspondência para: Suellen Naomi Yoshinaga, e-mail: suellen_e@terra.com.br