DESEMPREGO, SAÚDE E USO DE ÁLCOOL: PERCEPÇÕES DOS TRABALHADORES
Helena Maria Scherlowski Leal David
O presente trabalho apresenta resultados preliminares da pesquisa realizada com trabalhadores desempregados da cidade do Rio de Janeiro. Tendo em vista a reorganização dos processos de trabalho em função do processo de globalização, o desemprego passa a ser considerado como elemento estrutural das saciedades ocidentais, com grave repercussão nos países de capitalismo tardio como o Brasil. A população de trabalhadores desempregados enfrenta dificuldades diárias para a obtenção de trabalho e/ou emprego, situação que gera intenso sofrimento psíquico e pode repercutir de modo negativo na saúde do trabalhador. O consumo de álcool é de modo geral associado a fatores de risco que incluem situações de baixa auto-estima, estresse emocional, ansiedade e angústia, já que o álcool tende a minimizar ou suprimir estas sensações, substituindo-as por sensações de relaxamento e bem estar. Desta forma, a presente pesquisa pretende, numa primeira etapa, identificar o padrão de consumo de álcool por trabalhadores desempregados maiores de 18 anos, de ambos os sexos, identificando ainda, a partir do relato dos mesmos, qual a percepção que possuem a respeito da situação de desemprego e a repercussão desta na sua saúde. Foram entrevistados 150 trabalhadores de ambos os sexos que freqüentaram o CAT - Central de Apoio ao Trabalhador dos bairros de São Cristóvão, Tijuca e Centro da cidade do Rio de Janeiro. O teste que mensurou o consumo de álcool foi o TWEAK, e as percepções do trabalhador foram obtidas por entrevistas pessoais. Os resultados apontam para uma relação estatisticamente significativa entre o hábito de fumar e o uso/abuso de álcool (p<0. 05), e o sexo, sendo que os homens possuem maior probabilidade de estar em situação de uso abusivo de álcool (OR=6). As categorias identificadas para a percepção do trabalhador em relação ao desemprego incluem: baixa auto estima, desespero, ansiedade, depressão, vergonha. Em relação à repercussão na saúde, os trabalhadores relatam que o desemprego afeta sobretudo o aspecto psicológico, seguindo-se o físico e o espiritual. Os resultados apontam para a necessidade de estudos adicionais que estabeleçam relações mais precisas entre o consumo de drogas lícitas e ilícitas e desemprego.
Correspondência para: Helena Maria Scherlowski Leal David, e-mail: helena.david@uol.com.br
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