TRABALHO EM EQUIPE EM SAÚDE: UMA ANÁLISE CONTEXTUAL
Roberta Kaliny de Souza Costa
Bertha Cruz Enders
Rejane Maria Paiva de Menezes
As dificuldades identificadas na efetivação do trabalho em equipe em saúde estão caracterizadas quanto a sua ordem técnica (profissionais envolvidos e atribuições) e interpessoal e podem acarretar no comprometimento da melhoria da produção do cuidado em saúde, da promoção e da proteção da vida individual e coletiva. Por isso, os profissionais de saúde devem ser preparados para enfrentar os problemas críticos da realidade de trabalho, respondendo aos padrões desejados pelo novo modelo de atenção à saúde. Portanto, o presente estudo tem por objetivo analisar o contexto do fenômeno trabalho em equipe, para melhor compreender a sua ocorrência e dinâmica no âmbito dos serviços de saúde e também servir de suporte para outras investigações envolvendo a qualidade das práticas realizadas, viabilizando também a reconstrução de novos saberes profissionais acerca de definições dessa forma de trabalho em saúde. Trata-se de uma reflexão crítica, uma observação de campo e uma revisão de literatura integrativa, respaldada por uma pesquisa bibliográfica à fontes secundárias. O campo de observação corresponde à Unidade Básica de Saúde � UBS e a comunidade da área 004 do Município de Serrolândia/BA, onde o enfermeiro atuou pelo Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde � PITS, durante o período de dois anos. O referencial teórico utilizado corresponde a perspectiva conceitual acerca do contexto de Hinds; Chaves; Cypress, que esboça quatro níveis contextuais (imediato, específico, geral e metacontexto) nos quais os aspectos do fenômeno trabalho em equipe em saúde encontra-se discutido e analisado. A análise converge para a idéia de que é reducionista o modo de ver o trabalho em equipe associado somente a fatores como: a composição da equipe, articulação de ações, interação profissional, prática dialógica, desconsiderando a realidade de múltiplos aspectos representada pelas políticas de saúde, a organização dos modelos tecno-assistenciais, as mudanças do mundo do trabalho, a divisão técnica do trabalho, entre outras, que inevitavelmente, interferem na sua efetivação ou inviabilidade, tal como é pretendida em seu sentido positivo. Conclui-se que a formação e o desenvolvimento dos agentes, assim como, a prática de relações dialógicas nas atividades cotidianas, aparecem como uma das chaves para a operacionalização da interação profissional, objetivando a transformação nas práticas de saúde e a promoção da qualidade da assistência nos serviços.
Correspondência para: Roberta Kaliny de Souza Costa, e-mail: robertaksc@uol.com.br
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