Goiânia, 07 de novembro de 2005.

CONVIVENDO COM A DIVERSIDADE SEXUAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Zeneide Soubhia

Elma Mathias Dessunti

Elaine Alves

Claudia Ross

Edson Bezerra

Desde a organização do Sistema Único de Saúde discute-se a necessidade da formação de recursos humanos responsáveis pelas ações de saúde, com perfil crítico, autônomo, ético e capazes de resolver problemas e transformar a realidade. Neste contexto, docentes da área de doenças transmissíveis do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina se propuseram a realizar atividades extra-muros com população de transgêneros, inserindo os alunos em atividades de promoção da saúde e prevenção de doenças, especialmente relacionadas às DST/aids. Até então, o contato dos docentes e discentes com esse público ocorria apenas em nível hospitalar, o que gerava inquietação pois percebia-se a necessidade de melhor preparo para atender esses indivíduos, inclusive dos docentes. O contato das docentes com transgêneros nas atividades da Comissão Municipal de prevenção e controle de DST/aids favoreceu a abertura de espaço junto a Adé Fidan (Homens de fino trato), uma Organização da Sociedade Civil (OSC) que atua com travestis, além de garotos de programa. O presente estudo teve por objetivo relatar essa experiência no currículo de graduação, que vem ocorrendo desde 2003. Inicialmente alunos e docentes permaneciam diariamente na OSC visando o atendimento de necessidades imediatas e semanalmente realizando palestras. Atualmente vem sendo realizadas oficinas semanais sobre diversidade sexual ministradas pelos travestis aos alunos e docentes na sede da OSC. Posteriormente, oficinas são ministradas por alunos e docentes abordando temas selecionados previamente pelas mesmas: DST/aids, hepatite, tuberculose, higiene pessoal, medicamentos antiretrovirais, drogas, entre outros. A convivência de alunos e docentes com as travestis durante esses anos permitiu a troca de experiências, a realização de educação em saúde e, principalmente a superação de preconceitos frente às travestis, conforme observação e anotações constantes das fichas de avaliação dos alunos. Considera-se esta experiência enriquecedora contribuindo para o crescimento pessoal e profissional de docentes e alunos, assim como para a melhoria da qualidade da assistência e qualidade de vida das travestis.

Correspondência para: Zeneide Soubhia, e-mail: zeneide@uel.br