1.3.9 Avaliação de Tecnologias em Saúde
 
Os critério para a priorização em ATS foram obtidos por meio de consulta à literatura internacional e compatibilizados com algumas dimensões da matriz combinada apresentada pelo Fórum Global para Pesquisa em Saúde.  

Contextualização

Considerando as especificidades da área de Avaliação de Tecnologias em Saúde a discussão teve como objetivos: validar os critérios e a metodologia de priorização de estudos em ATS, definir prioridades de estudos em ATS e favorecer a construção do consenso técnico e político entre gestores e pesquisadores na definição de estudos em ATS.

Metodologia

Previamente à Oficina de Prioridades, foi realizado um levantamento junto à Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde (ANPPS), sendo esta analisada verticalmente. Como resultante desta análise, foram identificadas linhas de pesquisa em ATS em todas as subagendas de pesquisa em saúde. Após discussão, definiu-se, em conjunto, prioridades em ATS.

Para esse grupo de trabalho foi elaborada uma proposta de metodologia diferenciada, com adaptações, capaz de responder às necessidades da área, conforme etapas descritas abaixo:

Etapa 1 - Produto esperado – relação de estudos para a ATS

1. Apresentação de temas selecionados a partir de reuniões prévias com áreas técnicas e agências vinculadas ao Ministério da Saúde (SAS, ANVISA, SVS, SCTIE/DAF). Os participantes, a partir de consenso, poderão acrescentar temas aos já apresentados.

2. Discussão de diretrizes gerais para os editais na área de ATS.

3. Cada participante recebeu um formulário contendo os critérios de priorização de estudos em avaliação de tecnologias em saúde. Os critérios receberam um peso de 1 a 5, segundo o grau de importância atribuído pelo participante.

Foram estabelecidos como critérios de priorização de avaliação de tecnologias:

  • Gravidade e prevalência da condição de saúde.
  • Custo social da condição de saúde.
  • Potencial dos resultados do estudo para melhorar o resultado/benefício para a saúde.
  • Potencial dos resultados do estudo para mudar os custos para o sistema de saúde.
  • Potencial dos resultados do estudo para contribuir para a melhoria da qualidade da assistência.
  • Potencial dos resultados do estudo em reduzir os riscos para a saúde.
  • Custo unitário ou agregado da tecnologia frente à demanda de utilização.
  • Suficiente disponibilidade de evidência científica.
  • Controvérsia ou grande interesse entre os profissionais da saúde.
  • Exigências de ações do Estado.

Os critérios foram obtidos por meio de consulta à literatura internacional¹ e compatibilizados com algumas dimensões da matriz combinada apresentada pelo Fórum Global para Pesquisa em Saúde². Os participantes da oficina puderam, quando necessário, sugerir inclusão e/ou exclusão de critérios, não excedendo a dez critérios.

4. Os participantes receberam também um formulário para a priorização de cada tema apresentado. O participante, considerando o tema apresentado, atribuiram valores de 1 a 5, conforme a mesma escala apresentada anteriormente, de acordo com os critérios de priorização.

5. Utilizando a metodologia apresentada por Donaldson, foi utilizada a seguinte fórmula para ranqueamento dos temas analisados:

tema = P1 critério 1 * ln (valor dado1 critério 1) + ... + Pn critério n * ln (valor dado critério n).

Foi calculada a mediana dos escores de cada tema por participante e, desta forma, estipulado o ranking de prioridades.

A seguir os critérios para priorização em Avaliação de Tecnologias em Saúde:

Gravidade e prevalência da condição de saúde: refere-se à magnitude do problema, aos indicadores de morbidade, mortalidade, incapacidade, carga de doença e fatores de risco da doença ou agravo para a qual a tecnologia está sendo indicada.

Custo social da condição de saúde: relacionado aos estigmas sociais, perdas da capacidade de trabalho e de convívio social, gastos previdenciários devido à aposentadorias por invalidez, etc.

Potencial dos resultados do estudo para melhorar o resultado/benefício para a saúde: refere-se à possibilidade do estudo em contribuir para a melhoria da qualidade de vida, considerando a efetividade e a eficácia da tecnologia avaliada.

Potencial dos resultados do estudo para mudar os custos para o sistema de saúde: refere-se às possíveis alterações de aumento ou redução nos custos de procedimentos/intervenções , gerados pelo futuro estudo.

Potencial dos resultados do estudo para contribuir para a melhoria da qualidade da assistência: refere-se à possibilidade do estudo gerar melhorias em todos os níveis de atenção à saúde.

Potencial dos resultados do estudo em reduzir os riscos para a saúde: refere-se à possível contribuição da tecnologia , a ser estudada , na redução dos riscos para a saúde em relação à segurança da intervenção.

Custo unitário ou agregado da tecnologia frente à demanda de utilização: refere-se à análise do custo da tecnologia e do seu impacto para o sistema de saúde, frente à demanda de utilização. Por exemplo, tecnologias de baixo custo unitário que tenham grande impacto econômico final para o sistema, dependendo da demanda, ou tecnologias de alto custo que tenham pequena demanda.

Suficiente disponibilidade de evidência científica: refere-se à análise da disponibilidade de estudos de qualidade na área e da necessidade de realização de novos estudos.

Controvérsia ou grande interesse entre os profissionais da saúde: refere-se à análise dos interesses das classes profissionais e da discussão ou discordância sobre a efetividade da intervenção a ser avaliada. Existência de pressão por parte dos profissionais.

Exigência de ações do Estado: refere-se à análise da existência de pressão política (associações de portadores de patologias, pesquisadores, Ministério Público, Judiciário, organismos internacionais, países do Mercosul, etc.) para que dada tecnologia seja avaliada ou rapidamente incorporada. Relaciona-se também à análise da necessidade de tomada de decisão reguladora, de incorporação ou de abandono da tecnologia.

Resultados

Prioridades de ações para a área de ATS:

  • Estruturação da Rede Brasileira de ATS:
  • Organização da rede por componentes temáticos.
  • Elaboração de guias metodológicos de ATS:
  • Avaliação econômica.
  • Avaliação de risco e desempenho.
  • Diretrizes Clínicas.
  • Revisão Sistemática.
  • Desenvolvimento de um sistema de informação de estudos em ATS
  • Desenvolvimento de um sistema de informação de estudos em ATS realizados no país.

Atribuições da REBRATS

  • Avaliação da efetividade de diretrizes clínicas.
  • Estudos de variação terapêutica para hipertensão, diabetes, AVC e outros agravos prevalentes.
  • Estudos de variação terapêutica para doenças de alto impacto orçamentário: oncologia, TRS e outros.
  • Avaliação e conômica de tecnologias em saúde.
  • Revisão sistemática de tecnologias em saúde.
  • Estudos de efetividade ou de monitoramento das tecnologias pós-incorporação.
  • Estudos de custo de doenças e tratamentos.
  • Estudos de impacto orçamentário da incorporação de tecnologias no SUS.
  • Avaliação de programas e políticas de saúde: grau de implantação, efetividade e custos.
  • Programas de promoção da saúde.
  • Estudos de difusão das tecnologias.

Recomendações

  • Editais não competitivos buscando perfis complementares para formação da rede.
  • Os temas específicos a serem avaliados serão tratados por instâncias já criadas por Portarias do MS.
  • Articular a Rede Brasileira de Pesquisa Clínica em Hospitais de Ensino com a rede ATS.
  • Definição de critérios para priorização de estudos em ATS.

 

Grupo de Trabalho

Rosimary T. de Almeida - Coordenadora ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar
Hellen Miyamoto - Relatora
DAF/SCTIE/MS - Departamento de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde
Alexandre Lemgruber ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Álvaro Nagib Atallah UNIFESP- Universidade Federal de São Paulo
Ana Márcia Messeder DAF/SCTIE/MS - Departamento de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde
Cid Manso de Mello Vianna IMS- UERJ
Fernanda Oliveira Laranjeira DECIT - Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde
Flávia Tavares Silva Elias DECIT- Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde
Haroldo Ferreira DES/SCTIE/MS - Departamento de Economia em Saúde da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde
Hellen Harumi Miyamoto DAF/SCTIE/MS - Departamento de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde
Itajaí Albuquerque DECIT - Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde
Luis Eugênio Souza CONASEMS - Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
Álvaro Nagib Atallah UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo
Marcus Tolentino Silva DECIT- Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde
Luciana Reis Carpanez ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Marisa Maria Dreyer Breitenbach INCA – Instituto Nacional do Câncer
Regina Maria Barbosa IS/SES/ SP – Instituto de Saúde da Secretaria de saúde do estado de São Paulo
Alexandre Grangeiro IS/SES/ SP -– Instituto de Saúde da Secretaria de saúde do estado de São Paulo
Robespierre Q. Costa Ribeiro SES/MG - Secretaria de saúde do estado de Minas Gerais
Rosa Fernanda Ignácio DAF/SCTIE/MS - Departamento de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde
Saide Jorge Calil UNICAMP – Universidade de Campinas
Sebastião Loureiro UFBA- Universidade Federal da Bahia
Hamilton de Moura Ferreira Junior UFBA - Universidade Federal da Bahia
Eliane Cortez
SAS- Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde
José Luis SAS - Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde
Vinícius Queiroz SAS- Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde

 

¹ Oortwijn W.J. , Vondeling H. , Bouter L . The use of societal criteria in priority setting for health technology assessment in The Netherlands. Initial experiences and future challenges. Int J Technol Assess Health Care, 14(2):226-36, 1998..

¹ Shani S., Siebzehner M.I., Luxenburg O., Shemer I . Setting priorities for the adoption of health technologies on a national level – the Israeli experience. Health Policy (54), 2000, pp.169-185.

² Davies L., Drummond M., Papanikolaou P . Prioritizing investments in health technology assessment. Can we assess potential value for money? Int J Technol Assess Health Care;16(1):73-91, 2000.

² Ghaffar A., de Francisco A., Martlin S. Abordagem da matriz combinada: Um instrumento para a definição de prioridades de pesquisa em saúde. Fórum Global para Pesquisa em Saúde, Ajudando a corrigir o desequilíbrio 10/90, 2004.