1.4 Definição de Prioridades de pesquisa

 

Resultado de fóruns qualificados de discussão

O processo de definição de prioridades de pesquisa dos grupos de trabalho: Envelhecimento Populacional e Saúde da Pessoa Idosa, Kits Diagnósticos, Determinantes Sociais em Saúde e Saúde e Ambiente se deu por meio de fóruns qualificados de discussão entre especialistas e gestores da área, com a participação do Decit.

Os resultados obtidos foram apresentados na Plenária da Oficina de Prioridades de Pesquisa-Editais Temáticos e subsidiaram a elaboração do edital para o tema. A seguir, o contexto, a metodologia, os resultados principais e lista dos participantes que compuseram esses fóruns qualificados de decisão.

 
O Brasil envelhece de forma rápida e intensa e já conta hoje com mais de 14,5 milhões de idosos, em sua maioria com baixo nível socioeconômico e educacional e com uma alta prevalência de doenças crônicas e causadoras de limitações funcionais e de incapacidades.  
 

1.4.1 Envelhecimento Populacional e Saúde da Pessoa Idosa

Contextualização

Em dezembro de 2005 foi realizada reunião com representantes de Centros de Referência em Saúde da Pessoa Idosa no País, Instituições de Ensino e Pesquisas e Secretarias Estaduais com a finalidade de definir linhas prioritárias de pesquisas para lançamento de edital de pesquisas nesta área, executado pelo CNPq, com recursos financeiros no valor de R$ 8.000.000,00, provenientes do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. e do Fundo Setorial de Saúde, do Ministério de Ciência e Tecnologia.

Justificativa

O Brasil envelhece de forma rápida e intensa e já conta hoje com mais de 14,5 milhões de idosos, em sua maioria com baixo nível socioeconômico e educacional e com uma alta prevalência de doenças crônicas e causadoras de limitações funcionais e de incapacidades. A cada ano, 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira. Essa transição demográfica repercute na área da saúde, não só no que diz respeito ao maior conhecimento das doenças que afligem a população idosa, mas também em relação à necessidade de (re) organizar os modelos assistenciais.

Uma importante conseqüência do aumento do número de pessoas idosas em uma população é que estes indivíduos provavelmente apresentarão mais doenças e/ou condições crônicas que requerem mais serviços sociais e médicos e por mais tempo. Isso já pode ser notado, uma vez que a população idosa que, hoje, representa cerca de 9% da população já consome mais de 26% dos recursos de internação hospitalar no SUS. Além disso, é notável a carência de profissionais qualificados para o cuidado ao idoso, em todos os níveis de atenção.

São funções cardinais da saúde pública: avaliar, desenvolver políticas e assegurar cuidado a toda a população. A produção de conhecimento nessa área possibilita dados confiáveis que permitem a criação de ambientes físicos, sociais e atitudinais que possibilitam melhorar a saúde das pessoas com incapacidades tendo como uma das metas a participação integral dessas pessoas na sociedade.

É nesse contexto de desafio para as políticas públicas de saúde que se insere a necessidade premente de fomento de pesquisa na área do envelhecimento e suas repercussões, tanto para o indivíduo que envelhece como para a própria organização do sistema de saúde.

O GT Saúde da Pessoa Idosa foi coordenado pelo Prof. Dr. Eduardo Ferriolli e atendeu ao objetivo principal da elaboração de termo de referência para ações de fomento do CNPq/ CT-Saúde, do Ministério de Ciência e Tecnologia e do Decit/Scitie do Ministério da Saúde e de projetos cooperativos de pesquisa em Envelhecimento e Modelos Cooperativos de Atendimento ao Idoso, incluindo a interação Saúde-Indústria. O foco central desses projetos será a produção de resultados que contribuam, de modo efetivo e substancial, para a formulação, implementação e avaliação de ações públicas voltadas para a melhoria das condições de saúde da população idosa brasileira e para a superação de desigualdades regionais e socioeconômicas.

Atendeu também aos objetivos específicos:

  • Diagnosticar a situação atual da pesquisa, da tecnologia e dos investimentos em relação às demandas geradas pelo envelhecimento populacional e suas conseqüências, como base para a proposição de áreas prioritárias para o investimento em ciência e tecnologia.
  • Considerar, para estabelecer este diagnóstico, as linhas prioritárias definidas pela Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisas em Saúde.
  • Estabelecer propostas que incentivem a pesquisa de caráter multidisciplinar e interinstitucional como forma de promover a interação entre diferentes áreas do conhecimento e diferentes regiões, com compartilhamento de recursos.
  • Estabelecer propostas que promovam o diagnóstico e a solução sustentada de problemas regionais.
  • Definir temas e subtemas cujo apoio resulte em impacto efetivo na sua resolução.

Metodologia

A ANPPS, contempla a área do envelhecimento denominada “Saúde do Idoso”, com a definição de três grandes tópicos de pesquisa, a saber: 1) Magnitude, Dinâmica e Compreensão dos Problemas de Saúde do Idoso; 2) Compreensão dos Mecanismos das Doenças Associadas ao Processo de Envelhecimento e; 3) Avaliação de Políticas, Programas, Serviços e Tecnologias

A metodologia inicialmente proposta foi a de dividir o GT em três grupos temáticos, visando atender e complementar as linhas prioritárias definidas pela Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisas em Saúde:

Grupo 1 ênfase no envelhecimento populacional como gerador de demandas de pesquisa: principais problemas, sua compreensão e estratégias de abordagem.
Grupo 2
ênfase na compreensão dos mecanismos das doenças associadas ao processo de envelhecimento.
Grupo 3 ênfase em política, programas, modelos de atendimento e interação indústria/saúde.

 

Diretrizes para elaboração do Termo de Referência:

1. Estudos deverão ser multicêntricos, envolvendo centros de excelência em pesquisa no Brasil e centros em desenvolvimento.

2. Os projetos deverão ser, preferencialmente, de grande porte e com duração mínima de dois anos, mas com previsão de desdobramento para quatro anos.

3. O coordenador geral da proposta deve ter título de Doutor e experiência na área do envelhecimento humano.

4. A avaliação das propostas será realizada em duas etapas, sendo que, na primeira, poderão ser sugeridas fusões, formação de redes e cooperações.

Durante a Oficina de Prioridades de Pesquisas em Saúde – Editais 2006, realizada na Academia de Tênis – Brasília/DF, no dia 09/03/2006, avaliando a proposta de Edital de apoio a projetos de pesquisa no tema “Saúde do Idoso e Envelhecimento Populacional”, o grupo formado por: José Luiz Telles – Coordenador da Área Técnica Saúde da Pessoa Idosa – SAS/ MS, Eduardo Ferriolli – Coordenador da Oficina sobre Saúde do Idoso e Envelhecimento Populacional – USP, Sofia Daher – Coordenadora Geral do Programa de Pesquisas em Saúde – CNPq, Belmiro Salles - Coordenador do Programa de Pesquisas em Saúde, Raquel Lima Coelho Coordenadora do Programa de Biociências – CNPq e Marge Tenório – Assessora Técnica – Decit/ MS, analisou a recomendação do Fundo Setorial de Saúde de apoiar cerca de quatro projetos de maior porte (multicêntrico e/ou multiprofissionais), sendo um projeto em cada um dos quatro temas propostos e considerou pertinente a proposta.

Os itens a seguir contemplam o formato final do Edital aprovado pelo grupo de trabalho:

Resultados

a - Terão preferência estudos multicêntricos envolvendo centros de excelência e centros em desenvolvimento.

b - Os projetos deverão ser, preferencialmente, multidisciplinares e/ou multiprofissionais.

c - Obterão prioridade para atendimento as propostas que contemplem maior número de questões, abordagens ou problemas relacionados a cada tema, conforme os subitens listados.

Linhas de Apoio

Foram destacados quatro temas envolvendo Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento, conforme se segue:

Biologia do envelhecimento

a. Elucidação dos mecanismos bioquímicos, genéticos e fisiológicos do envelhecimento e das alterações relacionadas com a idade no homem e/ou em modelos animais. Isto inclui a investigação de alterações graduais ou programadas da estrutura e função que caracterizam o envelhecimento e investigações de alterações adversas que representam fatores de risco para as doenças relacionadas ao envelhecimento ou que acompanham este processo. Pesquisa translacional humana para investigação de achados da pesquisa básica no processo de envelhecimento.

Geriatria e gerontologia clínica

b. Síndromes geriátricas (quedas, imobilidade, iatrogenia, déficits cognitivos, instabilidade homeostática, incontinência).

c. Efeitos de comorbidade e polifarmácia.

d. Efeitos de alterações relacionadas à idade na gênese e nos desfechos de doenças ou nas respostas terapêuticas.

e. Efeitos de longo prazo de intervenções duradouras (por exemplo, anti-hipertensivos, estatinas).

f. Abordagem terapêutica não-medicamentosa para agravos e doenças relacionadas ao processo de envelhecimento (por exemplo, atividade física).

g. Alterações nutricionais (subnutrição e obesidade) e da composição corporal como fatores determinantes no processo saúde-doença do idoso.

Estudos sobre funcionalidade e fragilidade na atenção à saúde da pessoa idosa que compreendam:

h. Validação de instrumentos de rastreamento na atenção à saúde.

i. Avaliação da relação custo-efetividade e aprimoramento de instrumentos de rastreamento de populações de risco.

j. Escalonamento do nível de complexidade dos procedimentos diagnósticos quanto à sua relevância para a tomada de decisões e relação custo-efetividade.

k. Modelos de qualificação de recursos humanos para a detecção de déficits funcionais e fragilidade.

l. Estratégias de detecção precoce e prevenção de agravos.

m. Adequação e integração de serviços frente às demandas identificadas.

Para o tema 3 serão consideradas prioritárias as seguintes condições:

  • Doença cerebrovascular.
  • Doença cardiovascular.
  • Demências.
  • Quedas.
  • Distúrbios afetivos.

Estudos sobre modelos interdisciplinares de cuidado ao idoso com condições crônicas que contemplem:

n. Modelos de atenção domiciliar.

o. Instituições de longa permanência.

p. Modelos de atenção hospitalar.

q. Modelos de atenção ambulatorial.

r. Modelos intermediários de atendimento, de curta e média duração.

s. Integração entre os diferentes níveis de atendimento.

t. Educação em saúde do cuidador e dos familiares.

u. Tecnologia assistencial e interação indústria/saúde.

Este Edital prevê a submissão e julgamento das propostas em duas etapas.

Primeira Etapa – Os proponentes deverão apresentar Proposta Inicial, conforme item 2.2.1 deste Edital, observando as Diretrizes Gerais especificadas no item 1.1.1. O Comitê Temático selecionará as propostas que participarão da Segunda Etapa podendo sugerir: modificações que busquem o aperfeiçoamento das propostas, como adequações do projeto e/ou da equipe; agrupamentos de propostas; novas cooperações entre instituições e/ou formação de redes de pesquisa.

Segunda Etapa – Os proponentes que tiverem a proposta recomendada pelo Comitê Temático na Primeira Etapa deverão apresentar o projeto completo em conformidade com as modificações indicadas pelo Comitê Temático e atendendo aos critérios e requisitos constantes no item 2.2.2 deste edital.

Grupo de trabalho

Alice Moreira Derntl
EEUSP- Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
Anita Liberalesso Neri UNICAMP- Universidade de Campinas
Daniel A. Natalizi CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Eduardo Ferriolli FMRP – USP – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
Emílio H. Moriguti
PUC-RS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Julio Cesar Moriguti FMRP – USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
Luiz Roberto Ramos UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo
Marco Polo Dias Freitas DAPE/SAS/MS - Departamento de Ações Estratégicas e Programáticas da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde
Marge Tenório DECIT/SCTIE/MS - Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde
Neidil Espínola da Costa UNB – Universidade de Brasília
Renato Peixoto Veras UFRJ - Universidade do Rio de Janeiro
Rosalina Partezani Rodrigues EERP - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
Yeda Aparecida O. Duarte EEUSP- Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
Zilda Darci dos Reis Gertrudes CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Wilson Jacob Filho USP - Universidade de São Paulo