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2.3.4 Prioridades de pesquisa em doenças negligenciadas e inovação em saúde
Dr.Carlos M. Morel
Background desta apresentação
Debate atual
- Como transformar o saber em fazer “Know-do gap”
- Como traduzir o conhecimento em inovação “Knowledge translation
- Papel da inovação na saúde
- O Brasil não é um país industrializado, ainda há um hiato grande entre o que acontece aqui e o que acontece lá fora. Então precisamos saber a transição entre saber e fazer, e como transformar o conhecimento em inovação. A inovação é a implementação de uma idéia ou de um bem com intenção de uso. Há diferentes tipos de inovação na área da saúde, por exemplo: de produto; vacina, Kit diagnóstico; uma inovação de processo; de política de saúde, e o Brasil foi um dos pioneiros em fazer o Dia Nacional de Vacinação, que foi um grande avanço, conseguindo erradicar a poliomielite das Américas. Não foi uma vacina nova, mas sim, uma nova forma de aplicar a vacina.
Disparidades econômicas e sociais entre países desenvolvidos e em desenvolvimento
- Disparidades científicas e tecnológicas
- “Fosso digital, fosso genômico”
( Digital divide; Genomic divide)
Disparidades sanitárias
Algumas definições*: Inovação
Inovação é a implementação de uma nova (ou significativa-mente melhor) idéia, bem, serviço, processo ou prática com intenção de uso.
Especialistas nesta área diferenciam quatro tipos de inovação: inovação de produtos , de processos , de organização e de marketing
(*) http://en.wikipedia.org/wiki/Innovation
Inovação em saúde: Modalidades e exemplos
- Inovação de produto - Novas vacinas, medicamentos, kits diagnósticos
- Inovação de processo/método- Nova maneira de sintetizar um medicamento
- Inovação de políticas de saúde - Dias nacionais de vacinação
- Inovação de estratégia - CPMF para financiar investimento em saúde, Convenção de luta contra o tabaco da OMS e Parcerias para o Desenvolvimento de Produtos
Inovações na erradicação da varíola
- Inovação de produto
- Vacina
- Inovação de processo/método
- Agulha bifurcada
- Liofilização da vacina, evitando cadeia de frio
- Inovação de políticas de saúde
- Engajamento da comunidade em campanhas de vacinação
Inovação de estratégia
- Vacinação em círculos em vez de vacinação em massa
Anos 90: Identificação do ‘gap 90/10' |
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“Um importante relatório publicado em 1990 pela Commission on Health Research and Development apontou o “ desequilíbrio 90/10 ” – somente 10 % dos investimentos em P&D são direcionados para os problemas de saúde de 90 % da população mundial”.
OMS, Commissão de Macroeconomia e Saúde, 2000
Este relatório levou à criação, em 1996, do Fórum Global para a Pesquisa em Saúde, que continua a documentar a imensa insuficiência de recursos para P&D em doenças da pobreza. Muitas iniciativas foram implementadas ou financiadas para contrabalançar este desequilíbrio, mas elas permanecem profundamente carentes de recursos.
OMS, Commissão de Macroeconomia e Saúde, 2000
Doenças globais
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Incidem em países ricos e pobres, com grande número de populações vulneráveis em ambos
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Sarampo, hepatite B, diabete, doenças relacionadas com o tabagismo
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Existem incentivos de mercado para P&D nos países desenvolvidos
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Doenças negligenciadas
- Incidem em países ricos e pobres, mas uma grande proporção dos casos está nos países em desenvolvimento
- HIV/AIDS, tuberculose
- Existem alguns incentivos de mercado para P&D nos países desenvolvidos, mas o nível de investimento não é proporcional à carga global da doença.
Comissão da OMS – Macroeconomia
e Saúde, 2000
Doenças mais negligenciadas
- Incidem exclusivamente ou primordialmente nos países em desenvolvimento
- Doença do sono, doença de Chagas, leishmanioses, esquistossomose
- Quase não existem incentivos para P&D e praticamente não são objeto de pesquisa pelos países desenvolvidos
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Comissão da OMS – Macroeconomia
e Saúde, 2000 |
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Priorização de pesquisa em doenças tropicais
A experiência do TDR e o que podemos aprender com ela
Priorização de P&D no TDR:
O “processo em 7 etapas” Categorização das doenças
- Qual o tamanho e a natureza da carga da doença, e qual a sua tendência epidemiológica?
- Qual é a estratégia de controle da doença?
- Por que persiste a carga da doença?
- Quais são as necessidades e as prioridades de P&D?
- O que já está sendo feito em P&D?
Matriz estratégica
- Quais as vantagens comparativas do TDR?
- Definição das prioridades estratégicas para a doença em tela
O TDR agrupa as 10 doenças em 3 categorias
Categoria 1 Doença do sono – Dengue - Leishmanioses
- Doenças emergentes ou fora de controle
- O foco deve ser na geração de novos conhecimentos e no desenvolvimento de novas intervenções e sistemas
Categoria 2 Malaria – Esquistossomose -Tuberculose
- Apesar de existir uma estratégia de controle, a carga da doença persiste
- As atividades de P&D cobrem um amplo espectro, mas estão focadas no desenvolvimento e testes de novas intervenções e estratégias
Categoria 3 Doença de Chagas – Hanseníase – Filariose e Oncocercose
As estratégias de controle são eficazes, a carga da doença diminui e planeja-se sua eliminação como problema de saúde pública
A pesquisa procura melhorar as atuais atividades de controle e eliminar os riscos |
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Neste quadro montamos uma estratégia de relacionar as categorias de doenças e as áreas de trabalho. Ele demorou dois anos para ser feito e é revisado anualmente. |
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“Falhas de saúde”
- Falha de ciência: é quando não se tem o conhecimento que se precisa para fazer uma intervenção.
- Falha de mercado: quando o custo é muito caro.
- Falha de saúde pública: há disponibilidade do medicamento, há baixo custo, mas por corrupção ou falha na administração o medicamento não chega ao paciente.
- Incidem em países ricos e pobres, mas uma grande proporção dos casos está nos países em desenvolvimento
- HIV/AIDS
Falhas de ciência
- Causa : Conhecimento insuficiente
- Exemplo : vacinas inexistentes
- Doenças virais: Dengue, gripe aviária
- Doenças bacterianas: Hanseníase, tuberculose
- Doenças parasitárias: Malaria, leishmanioses
- Necessidade : Pesquisa básica ou “inspirada no uso”; Modo 2 de produção de conhecimento (*)
- Modalidade de Inovação
- Produtos novos ou melhores
- Novas estratégias de P&D; parcerias (Brasil: Lei da Inovação)
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(*) Gibbons M, Limoges C, Nowotny H, Schwartzman S, Scott P, Trow M: The new production of knowledge: the dynamics of science and research in contemporary societies . London; Thousand Oaks; New Delhi: SAGE Publications; 1994 |
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- Causa: Custos elevados
- Exemplo: antiretrovirais; combinação de antimaláricos
- Necessidade: Processos mais baratos de produção ou novas estratégias de financiamento
- Modalidade de inovação
- Novos métodos e processos
- Novas estratégias de financiamento
- “Empurrar” (push): Parcerias para P&D de produtos
- “Puxar” (pull): Fundos globais para aquisição de produtos
- Novas políticas orçamentárias
- Aumentar o orçamento (ex: CPMF)
- Diminuir as despesas (ex: negociação patentes antiretrovirais
Falhas de saúde pública
- Causas: Incompetência, descaso, corrupção, crises, fatores culturais ou religiosos
- Exemplos
- Doenças transmissíveis: vacinação pólio (India: baixa prioridade, deficiências do sistema de saúde; Holanda, Nigéria: fatores culturais ou religiosos; Sudão: guerra )
- Doenças crônicas: obesidade, tabagismo (lobby das multinacionais e produtores de fumo, propaganda e glamorização do ato de fumar )
- Necessidades: controle social, educação, participação da sociedade civil, políticas de direitos humanos, boas práticas
- Modalidade de inovação: Processos, estratégias, políticas (campanhas por exercícios físicos, vida saudável; Convenção da OMS contra o tabaco; priorização de ações de saúde)
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Inovação em saúde e os países em desenvolvimento
“ Innovative Developing Countries ”
Determinantes da inovação em saúde - Redes de Inovação em Saúde |
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Determinantes da inovação em saúde
- Manufatura : Capacidade produtiva de acordo com normas internacionais
- Mercados domésticos : Criação de mercados com presença governamental nos sistemas e serviços de saúde
- Mercados de exportação : Capacidade de comércio internacional incluindo vendas via UNICEF
- P&D : Apoio dos setores público e privado
- Propriedade intelectual : Sistemas adequados para lidar com propriedade intelectual
- Regulação : Sistemas apropriados garantidores de produtos seguros e eficazes
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Redes de inovação em saúde
“Destacamos aqui um fator complementar e cada vez mais importante na melhoria da equidade em saúde: A crescente capacidade inovadora em saúde de alguns países em desenvolvimento ”. Fonte:Morel et al (2005) Science 309:401-404, 2005 |
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Redes de inovação em saúde
2000: Rede dos produtores de vacinas dos países em desenvolvimento
Brasil, Cuba, China, Índia, Indonésia, México
2001: Iniciativa Sul-Sul para pesquisa em doenças tropicais
Grupos de pesquisas do TDR na América Latina, Ásia e África
2003: Fórum de diálogo Índia-Brasil-África do Sul (IBSA)
2004: Rede tecnológica em HIV/AIDS
Brasil, China, Cuba, Nigéria, Rússia, Tailândia, Ucrânia
2004: Rede OMS das agencias reguladoras de vacinas dos países em desenvolvimento
Brasil, China, Cuba, Índia, Indonésia, Rússia, África do Sul, Coréia, Tailândia
Fonte:Morel et al (2005) Science 309:401-404, 2005 |
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Brasil: Lei de Inovação
(lei nº. 10.973 de 02/dezembro/2004)
- Estímulo à construção de ambientes especializados e cooperativos de inovação
- Estímulo à participação das Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) no processo de inovação
- Estímulo à inovação nas empresas
- Estímulo ao inventor independente
- Instituição de fundos mútuos de investimento em empresas inovadoras
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Ciência |
Conhecimento insuficiente impede o desenvolvimento de intervenções sanitárias eficazes |
Não sabemos ainda como desenvolver vacinas contra doenças parasitárias; “hiato 90/10” |
Mais pesquisa básica ou estratégica; maior envolvimento do setor produtivo |
Novos produtos, novas estratégias de P&D&I |
Bioinformática, genômica na identificação de novos alvos e drogas como fosmidomicina; PDPs; Lei de Inovação 2004 |
Mercado |
Custos elevados de intervenções existentes restringem uso ou acesso por populações marginalizadas |
Alto custo de medicamentos antiretrovirais e de combinações de antimaláricos |
DT de processos mais baratos de produção; novas estratégias de financiamento |
Novos métodos e processos; Novas estratégias de financiamento; Novas políticas orçamentárias |
Parcerias para o desenvolvimento de produtos; Fundos Globais; CPMF; filantropia; doação de medicamentos |
Saúde Pública |
Incompetência, descaso, crises, guerras, corrupção, fatores culturais ou religiosos impedem acesso a intervenções baratas ou mesmo gratuitas |
Dificuldades na erradicação da pólio; oposição das indústrias de alimentos e de fumo a estratégias de combate à obesidade e ao tabagismo |
Controle social; educação; participação da sociedade civil; políticas de direitos humanos; boas práticas |
Processos; estratégias; políticas
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Dias nacionais de vacinação; campanhas por mais exercício físico; Convenção da OMS contra o tabaco |
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