Levantamento das necessidades de
P&D&I
Na etapa anterior à realização
da oficina foram convidados especialistas reconhecidos para
destacar as necessidades de P&D na área de Doença
de Chagas, conforme descrição abaixo:
Considerações
Iniciais: Apesar da Doença Chagas estar classificada
pelo TDR como sendo Categoria III, a questão da quimioterapia
a colocaria na Categoria I, devido à falta de medicamentos
eficazes para o tratamento desta enfermidade, sendo então
uma prioridade a realização de ensaios clínicos
para o desenvolvimento de novos medicamentos. Outras prioridades:
Resistência do parasito às drogas utilizadas;
estudo de fatores de risco, incluindo a desnutrição,
que está associada à infecção;
pesquisa básica em dinâmica de transmissão
como forma de combate ao vetor.
Área técnica
do Ministério da Saúde apontou como prioridades
para a área:
- Estudo de validação da
PCR como metodologia confirmatória para Doença
de Chagas.
- Estudo de avaliação dos
efeitos teratogênicos e reprodutivos da doença
de Chagas e tratamento com benzonidazol.
- Avaliação da resposta
terapêutica das diferentes cepas de T. cruzi nas
diversas regiões geográficas.
- Avaliação da resistência
do T. cruzi a diferentes temperaturas.
- Estudo da resposta terapêutica
do T. cruzi de acordo com a forma de transmissão
(oral, vetorial, transfusional, congênita).
Metodologia
A metodologia proposta foi adaptada
e parcialmente utilizada pelo grupo de trabalho. Concentraram
o trabalho na definição de cinco temas prioritários
e dentro de cada um deles os subtemas e as recomendações
pertinentes. Decidiram destacar a Região da Amazônia
e percorrer as prioridades de estudos específicos
para a região.
Definição de Prioridades
de Pesquisa em Saúde - Resultados
Foram considerados como os
cinco temas prioritários:
- AMAZÔNIA
- Estudo de vetores
- Busca de novas drogas e aperfeiçoamento
da quimioterapia
- Busca de marcadores de evolução
e prognóstico da Doença de Chagas crônica
e de resistência do Trypanosoma cruzi a drogas.
Considerações
sobre a Carga da doença e as tendências epidemiológicas:
a. As estimativas atuais sugerem
a existência de dois a três milhões de
infectados.
b. Nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste
e Nordeste reduziu-se acentuadamente a transmissão
vetorial intradomiciliar e transfusional. Há alguns
focos de T. infestans remanescentes na Bahia, Rio Grande
do Sul e Minas Gerais.
c. Por outro lado, a presença de
Doença de Chagas na Amazônia passou a ser claramente
evidenciada, seja a partir do diagnóstico de microepidemias
de casos agudos, seja a partir da integração
da vigilância de Chagas ao programa de vigilância
em malária (diagnóstico por gota espessa).
d. Foram registrados cerca de 480 casos
de Chagas agudo sintomático na Amazônia Ocidental
nos últimos 40 anos, numa área considerada
INDENE. Nos últimos dois meses, três casos.
Cerca de 1% dos casos febris, negativos para malária,
são T. cruzi. Aparentemente não há barbeiros domiciliados. Dos casos agudos, 70% por via oral
e 30% vetorial.
Linhas Prioritárias
1. Amazônia
- Determinação dos mecanismos de transmissão
de T. cruzi para humanos.
- Ecologia dos ciclos de transmissão e avaliação
de riscos e impacto do desmatamento.
- Caracterização das espécies de
triatomíneos; Relações sistemáticas
e filogenéticas das populações; Mapeamento
de ecótopos; Processo de domiciliação
e potencial vetorial.
- Isolamento de cepas de T. cruzi e genotipagem. Determinação
da suscetibilidade a Benzonidazo ntes de casos autóctones;
Com ênfase na clínica da fase aguda por transmissão
oral.
- Inovação em tecnologias
de controle e vigilância entomológica.
- Estudos de geo-referenciamento
de casos agudos e transmissão vetorial.
- Desenvolvimento de sistemas de integração
e disponibilização de dados (casos humanos
e vetores).
Nota: Recomenda-se que
o estudo seja desenvolvido por REDES, articulando grupos
emergentes e consolidados da região.
Controle da Doença
e Controle do Vetor Extra-Amazônia – Considerações:
a. Transmissão vetorial intradomiciliar
por Triatoma infestans, controlada. Lembrar que há
52 espécies de vetores.
b. Conhecemos pouco da biologia de nossos
vetores. Daí, incertezas quanto a estratégias
de controle.
c. Problema relacionado com uma doença
de baixa incidência:
Sustentabilidade da Vigilância
Epidemiológica
d. Transmissão transfusional
controlada.
e. Transmissão oral é a
via natural de infecção no ambiente silvestre
e responsável por diversos surtos recentes.
f. Transmissão Congênita
– baixa (em média cerca de 1%). Grande variabilidade
regional. Maior taxa na região Sul. No Brasil a transmissão
é bem menor que em outros países como (Bolívia
e Paraguai). No entanto, a razão desta característica
“brasileira” é desconhecida.
2. Estudos de vetores
- Reconhecimento de espécies
características da distribuição em
ecótopos naturais e peri-domicílio, estudo
da capacidade e competência vetorial, em especial
das espécies P megistus, T. braziliensis, T. pseudomaculata,
T. sordida, T. rubrovaria, P. lutzi.
- Sensibilidade e resistência de
espécies de triatomíneos a inseticidas.
- Estudo sobre os padrões
físicos das moradias e sua vulnerabilidade à
invasão ou instalação do vetor.
- Identificação
de vetores potencialmente relacionados com surtos (micro-epidemias)
- Estudos de biologia do vetor,
fonte alimentar e/ou de sua interação com
grupos de T. cruzi.
Manejo de pacientes /Terapia
– Considerações
a. Benzonidazol: cura de 10% de formas
antigas (fase crônica); 50-60% de crianças
(10-12 anos, fase recente); > 80% de fase aguda.
b. Efeitos colaterais. BZ em vistas de
ser produzido por LAFEPE.
c. Posaconazol, em fase de ensaio clínico.
d. Necessidade de
desenvolvimento de novas drogas para tratamento. O Brasil
deve assumir liderança nas Américas por associar
potencial científico e produtor. Carga da Doença
nas Américas (10-16 milhões) e países
que ainda não interromperam a transmissão.
Aproveitar a situação do Mercosul, parcerias
entre instituições produtoras de medicamento
e outros produtos.
Oportunidade: Os dados
do seqüenciamento do genoma dos três Tryps mostram
cerca de 6000 genes comuns e conservados. Alguns constituem
alvos para o desenvolvimento de novas terapias que podem
ser comuns aos três Tryps.
3. Busca de novas drogas e
aperfeiçoamento da quimioterapia
Pesquisa básica
- Utilização de
dados do genoma para definição de vias metabólicas
específicas. Bioinformática, genômica,
proteômica, bioquímica e biologia celular
na identificação de novos alvos de drogas.
- Padronização de
ensaios de monitoramento da eficácia de cura parasitológica
para avaliação de tratamento (em rede associada
com pesquisa clínica).
Pesquisa pré-clínica
e clínica
- Ensaios clínicos em pacientes
crônicos de drogas com potencial terapêutico
para T. cruzi e já existentes no mercado.
- Estudos de otimização
do uso do benzonidazol em associação a outros
potenciais tripanocidas e/ou imunomoduladores.
Marcadores de evolução
da Doença e prognóstico - Considerações
- Há grande diversidade
na distribuição geográfica das manifestações
da Doença de Chagas (forma indeterminada, cardíaca
e digestiva). Como também há heterogeneidade
na gravidade das manifestações.
- Há evidências que
sugerem que a diversidade genética do parasita
e a carga parasitária seriam responsáveis
pelas diferentes manifestações e sua gravidade.
- Também há evidências
de que certos loci genéticos do humano estariam
associados com maior gravidade de manifestações
cardíacas e menor sobrevida.
- Não há método
padronizado e validado para a determinação
de carga parasitária.
- Há pouco conhecimento
do controle da replicação intracelular do
parasita e da transição entre os estágios
de evolução clínica. Não há
marcadores de prognóstico.
4. Busca de Marcadores de
evolução e prognóstico da Doença
de Chagas crônica e de resistência do Trypanosoma
cruzi a drogas
- Busca de marcadores moleculares
em isolados do parasita e em pacientes chagásicos
que possibilitem a identificação da transição
entre os estágios clínicos da doença
crônica, com uso de genômica, proteômica,
e novas tecnologias, com vistas ao desenvolvimento de
indicadores de prognóstico.
- Estudos para esclarecimento
da fisiopatologia e da imunopatologia da doença
crônica, em especial quanto a mecanismos de controle
da multiplicação do T. cruzi.
- Estudos do perfil de resistência
a drogas dos parasitas isolados de diferentes formas clínicas,
regiões geográficas e sua associação
aos grupos de T. cruzi.
Recomendações
- Projetos de médio (apoio
individual ou de redes) e grande porte (apoio a redes).
- Coordenador de projeto com experiência
e produção científica no tema do
projeto.
- Equipes de pesquisa com, pelo
menos, um doutor ou com a participação certificada
de um consultor sênior.
- Não priorizamos estudos
multicêntricos.
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