SAÚDE BUCAL


078
NARVAI, Paulo Capel et al. Cárie dentária no Brasil: declínio, polarização, iniqüidade e exclusão social. Revista Panamericana de Salud Pública, Washington, v. 19, n. 6, p. 385-393, jun. 2006. Disponível em Scielo

OBJETIVO: Analisar a evolução da experiência de cárie dentária entre escolares brasileiros no período de 1980 a 2003 e determinar a distribuição da cárie e o acesso dessa população ao tratamento da doença. MÉTODO: Foram utilizados dados secundários produzidos no período de 1980 a 2003, empregando o índice dentes permanentes cariados, perdidos e restaurados (CPOD). Os estudos que deram origem aos dados variaram quanto ao tipo de investigação, delineamento, plano amostral e critério diagnóstico para a doença, mas produziram estimativas nacionais consideradas válidas para os valores do índice CPOD, admitindo-se como possível a presente análise de tendência.RESULTADOS: Os valores de CPOD indicaram um nível alto de cárie dentária nos anos 1980, declinando para um nível moderado nos anos 1990. Em 2003, o valor do CPOD ainda era moderado (2,8). Entre 1980 e 2003, o declínio nos valores do CPOD foi de 61,7%. A porcentagem de escolares com CPOD igual a zero aumentou de 3,7% em 1986 para 31,1% em 2003. Por outro lado, enquanto no segmento menos atingido pela doença (CPOD de 1 a 3), o índice de cuidados aumentou de 26,3% em 1986 para 34,7% em 2003, no segmento com CPOD de 4 a 5 o índice de cuidados caiu de 50,2% em 1986 para 39,3% em 2003. No segmento com CPOD de 6 ou mais, o índice de cuidados se manteve estável (28.0%). Aproximadamente 20% da população passou a concentrar cerca de 60% da carga de doença.CONCLUSÃO: Um declínio relevante do CPOD foi observado no período do estudo, sendo a hipótese explicativa mais plausível a elevação no acesso a água e creme dental fluorados e as mudanças nos programas de saúde bucal coletiva. A despeito da melhora, a distribuição da cárie ainda é desigual. Os dentes atingidos por cárie passaram a se concentrar numa proporção menor de indivíduos. Ademais, não se alterou a proporção de dentes cariados não tratados. A redução das disparidades socioeconômicas e medidas de saúde pública dirigidas aos grupos mais vulneráveis permanecem como um desafio para todos os que formulam e implementam as políticas públicas no Brasil.