“Conhecer para não discriminar”: Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase e Dia Mundial Contra a Hanseníase


No último domingo do mês de janeiro é comemorado o Dia Mundial Contra a Hanseníase.

A data foi criada em 1954 pelo jornalista e ativista francês Raoul Follereau, com dois objetivos principais: defender a igualdade de tratamento das pessoas afetadas pela hanseníase e reeducar o público, corrigindo os equívocos históricos que cercam a doença, incluindo suas implicações médicas e sociais e os direitos das pessoas afetadas, pois, até a década de 1970, os doentes eram excluídos do convívio social e condenados ao confinamento em colônias.

O tema definido pela Leprosy Information Services (Infolep), para o Dia Mundial de 2021 é: “Nos unimos em torno de um objetivo: vencer a hanseníase”.

No Brasil, a Lei nº 12.135/2009, instituiu a data com a denominação de Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase. Neste ano, as comemorações ocorrem em 31/01.

Aqui, o Ministério da Saúde escolheu “Conhecer para não discriminar” como tema da campanha de enfrentamento da doença.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) definiu: “A hanseníase é uma doença negligenciada, a nossa saúde não é”, em alusão ao fato de que a doença é alvo de negligência e omissão de alguns tomadores de decisão e segmentos da indústria farmacêutica que não enxergam prioridade em sua prevenção e tratamento, em um contexto contra o qual o Ministério da Saúde e a SBD tem trabalhado arduamente ao longo dos anos.

São 30 mil novos casos da doença por ano no Brasil, país com o segundo maior número,  perdendo apenas para a Índia. A ocorrência é mais frequente nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte, que respondem por quase 85% dos casos do país e mais de 90% dos que ocorrem na América Latina.

A hanseníase é uma das doenças mais antigas da humanidade. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia que, juntamente com a África, são consideradas o berço da doença.

É uma doença infecciosa, de evolução longa, causada pelo Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen, em memória de seu descobridor. O microorganismo acomete principalmente a pele e os nervos das extremidades do corpo. Embora seja uma doença basicamente cutânea, pode afetar os nervos periféricos, os olhos e, eventualmente, alguns outros órgãos. O período de incubação pode durar de 6 meses a 6 anos.

A transmissão ocorre por meio de convivência muito próxima e prolongada com o doente, da forma transmissora chamada multibacilar, que não se encontra em tratamento, por contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz.

Sintomas:

Os sintomas aparecem, principalmente, nas extremidades das mãos e dos pés, no rosto, orelhas, nádegas, costas e pernas. São manchas esbranquiçadas, amarronzadas ou avermelhadas, com perda de sensibilidade ao calor, ao toque e à dor. É possível uma pessoa queimar a pele na chama do fogão ou em uma superfície quente e sequer perceber. A sensação de formigamento também é um sinal da doença.

Outros sintomas são sensação de fisgada, choque, dormência e formigamento ao longo dos nervos dos membros; perda de pelos em algumas áreas e redução da transpiração; redução de força na musculatura das mãos e dos pés; e caroços no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos. Condições precárias de moradia e de saneamento favorecem a ação da Mycobacterium Leprae.

Tratamento:

A doença tem cura e os medicamentos são distribuídos gratuitamente nas unidades básicas de saúde (UBSs), pelo SUS. O tempo de tratamento pode variar de 6 meses em pacientes que têm a forma mais branda da doença, a até 12 meses em pacientes que têm o tipo mais grave.

O tratamento é longo mas eficaz, se não for interrompido, sendo muito importante segui-lo à risca para eliminar completamente os bacilos.

Sequelas:

Pessoas com o tipo mais leve da doença, mesmo após o tratamento, podem não recuperar totalmente a sensibilidade nos locais das manchas. Em casos mais graves, pode haver sequelas como perda de força que impõe limitações físicas para usar as mãos ou andar, por exemplo.

Prevenção:

O diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada, com o paciente, são as principais formas de prevenção.

A primeira dose do medicamento é quase uma garantia de que a doença não será mais transmitida mas, os familiares e pessoas próximas ao doente devem procurar uma UBS para avaliação.

Fontes:

Agência Brasil
Dr. Dráuzio Varella
Global Partnership for Zero Leprosy
Ministério da Saúde
Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase – Morhan