Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência – 01 a 08/02


 

Os adolescentes – indivíduos entre 10 e 20 anos incompletos – representam cerca de 20% a 30% da população mundial, estimando-se que no Brasil essa proporção alcance 23%. Dentre os problemas de saúde nessa faixa etária, a gravidez sobressai em quase todos os países e, em especial, nos países em desenvolvimento.

A taxa mundial de gravidez adolescente é estimada em 46 nascimentos para cada 1 mil meninas de 15 a 19 anos.

No Brasil, um em cada sete bebês é filho de mãe adolescente. A cada hora nascem 48 bebês, filhos de mães adolescentes. Um dado preocupante é o número de bebês com mães de até 14 anos que contabilizou 19.330 nascimentos no ano de 2019, o que significa que a cada 30 minutos, uma menina de 10 a 14 anos torna-se mãe!

A gestação não planejada na adolescência pode resultar da falta de conhecimento da adolescente sobre sua saúde, sobre as consequências na sua vida, bem como ao acesso limitado aos métodos contraceptivos eficazes. Das gravidezes que ocorrem na adolescência, 66% são não intencionais, o que significa que a cada 10 adolescentes que engravidam, 7 referem ter sido “sem querer”.

Diversos fatores concorrem para a gestação na adolescência. No entanto, a desinformação sobre sexualidade, sobre direitos sexuais e reprodutivos é o principal motivo. Questões emocionais, psicossociais e contextuais também contribuem, inclusive para a falta de acesso à proteção social e ao sistema de saúde, incluindo o uso inadequado de contraceptivos, como métodos de barreira e preservativos.

Além do aspecto social – a adolescente tem, por exemplo, sua vida escolar interrompida – e do aumento da situação de vulnerabilidade dessa jovem mãe e seu bebê, principalmente no caso de famílias com baixa renda, são muitos os riscos à saúde de mãe e filho.

Fatores de risco biológicos:

– Menor 16 anos;
– Competição mãe-feto por nutrientes;
– Altura inferior a 150 cm;
– Peso inferior a 45 kg;
– Doenças crônicas (diabetes, cardiopatia ou renais, hipertensão arterial);
– Infecções sexualmente transmitidas (Sífilis, HIV, hepatites B/C);
– Doenças agudas emergentes (dengue, zika, toxoplasmose, etc.);
– Transtorno psiquiátrico.

Fatores de risco psicossociais:

– Família: disfuncional, doença psiquiátrica, uso de drogas, violência;
– Pobreza, migração, situação de rua, refugiados;
– Usuária de psicoativos (álcool, tabaco, cocaína, crack);
– Automedicação;
– Gestação fruto de estupro/relação extraconjugal;
– Rejeição à gestação;
– Tentativa de abortamento;
– Falta de apoio familiar: mãe, parceiro;
– Início tardio do pré-natal;
– Dificuldade de acesso a serviços de pré-natal.

Fatores de risco obstétricos:

– Menos de 6 consultas de pré-natal;
– Escassez de programas para gestante adolescente;
– Pré-eclâmpsia;
– Desproporção pélvica-fetal;
– Gravidez gemelar;
– Complicações durante o parto;
– Cirurgia cesariana de urgência;
– Infecções durante e pós-parto.

Repercussões da gravidez na adolescência para o recém-nascido (RN):

– Prematuridade;
– Pequeno para idade gestacional;
– Baixo peso (retardo intrauterino);
– APGAR inferior a 5;
– Dismorfias, síndromes congênitas (Síndrome de Down, defeitos neurais);
– Infecções congênitas (sífilis, herpes, toxoplasmose, hepatites B/C, Zika, HIV/aids);
– Necessidade de UTI neonatal;
– Traumatismos e repercussões do parto (hipóxia, paralisia cerebral);
– Dificuldades de amamentação;
– Risco de negligência, ambiente insalubre.

Repercussões da gravidez na adolescência para a adolescente e o RN:

– Depressão e psicose puerperal;
– Abandono do RN em instituições;
– Rejeição do RN do convívio familiar;
– Ausência de amamentação;
– Abandono/omissão de paternidade;
– Acompanhamento pediátrico falho;
– Esquema de vacinação incompleto;
– Abandono escolar, bullying;
– Baixa qualificação profissional da mãe.

Prevenção:

Um dos mais importantes fatores de prevenção é a educação, fato indubitável para a saúde plena, tanto individual quanto coletiva.

10 pontos fundamentais para reduzir as taxas de gravidez na adolescência:

– Sensibilizar e capacitar profissionais da saúde para o atendimento de adolescentes e promover reciclagem periódica destes profissionais;
– Garantir o fornecimento de métodos contraceptivos gratuitos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), incluindo os contraceptivos reversíveis de longa ação (LARCs);
– Promover rodas de conversa com Grupos de Adolescentes e formar entre eles, agentes multiplicadores;
– Estimular o envolvimento dos adolescentes na criação de aplicativos ou vídeos educativos com divulgação monitorada;
– Promover interface com as Secretarias de Educação, Saúde, Cultura e Esporte e poder público, executivo e legislativo, buscando ações para medidas legislativas;
– Estabelecer parceria com Instituições de Ensino Superior nas áreas de saúde, educação, esporte, cultura e entidades cientificas;
– Incentivar pesquisas na rede pública com financiamento e premiações;
– Estabelecer linha de cuidado nas UBS e nas unidades de Programa da Família;
– Criar espaços de atendimento em locais vulneráveis;
– Estimular a troca de experiências exitosas interestaduais nacionais e internacionais.

A Semana Nacional de Prevenção de Gravidez na Adolescência, instituída pela Lei nº 13.798/2019, tem o objetivo de disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência.

Em outubro de 2021, foi instituído um Grupo de Trabalho para formular propostas para a construção do Plano Nacional de Prevenção Primária do Risco Sexual Precoce e da Gravidez de Adolescentes. A iniciativa é coordenada pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e conta com a participação dos ministérios da Cidadania, da Educação e da Saúde.

O Plano Nacional, proposto por meio da consulta pública, tem 24 iniciativas e cinco eixos estratégicos: promoção e democratização de conhecimento; formação de atores; sensibilização e mobilização; aprimoramento dos serviços e políticas; e, participação da família.

 

Fontes:

Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
Sociedade Brasileira de Pediatria