Celebrada anualmente no período de 01 a 07 de novembro, a Semana Nacional de Prevenção do Câncer Bucal foi instituída pela Lei nº 13.230/2015 com os objetivos de estimular ações preventivas e campanhas educativas sobre o tema; promover debates e outros eventos, inclusive sobre as políticas públicas de atenção integral aos portadores de câncer bucal; apoiar atividades organizadas e desenvolvidas pela sociedade civil em prol do controle desse tipo de câncer, bem como difundir os avanços técnico-científicos a ele relacionados.
O câncer da boca, também conhecido como câncer de lábio e cavidade oral, é um tumor maligno que afeta os lábios e as estruturas da boca, como gengivas, bochechas, céu da boca (palato), língua (principalmente as bordas) e a região embaixo da língua (assoalho da boca).
Estima-se que cerca de 530 mil casos novos por ano são diagnosticados em todo o planeta, sendo 373 mil em homens e 157 mil em mulheres.
No Brasil, é o quinto tumor mais frequente em homens. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), as estimativas de novos casos para 2023 foram de 15.100, sendo 10.900 em homens e 4.200 em mulheres. O número estimado de mortes em 6.338, sendo 4.878 homens e 1.460 mulheres.
A maioria dos casos é detectada em homens a partir dos 40 anos de idade, embora um pequeno grupo de pacientes mais jovens, não tabagistas e não alcóolicos, possa desenvolver a doença. As pesquisas têm buscado respostas na biologia molecular para a incidência neste grupo, porém, ainda não há conclusão sobre o assunto. O diagnóstico costuma ocorrer em estágios avançados, o que reduz as chances de cura e torna o tratamento mais complexo para o paciente.
Fatores que aumentam o risco de adoecimento:
– Tabagismo: o hábito de fumar cigarros ou de utilizar outros produtos derivados do tabaco, como cigarro de palha, de Bali, de cravo ou kreteks, fumo de rolo, tabaco mascado, rapé, charutos, cachimbos e narguilé, entre outros, tem risco muito maior de desenvolver câncer de boca e de faringe do que os não fumantes. Quanto maior o número de cigarros fumados, maior o risco;
– Consumo de bebidas alcoólicas;
– Exposição ao sol sem proteção representa risco importante para câncer nos lábios;
– Excesso de gordura corporal (sobrepeso e obesidade) aumenta o risco de câncer de boca;
– Exposição a óleo de corte, amianto, poeira de madeira, poeira de couro, poeira de cimento, de cereais, têxtil e couro, amianto, formaldeído, sílica, fuligem de carvão, solventes orgânicos e agrotóxico está associada ao desenvolvimento de câncer de boca.
Os trabalhadores da agricultura e criação de animais, indústria têxtil, de couro, metalúrgica, borracha, construção civil, oficina mecânica, fundição, mineração de carvão, assim como profissionais cabeleireiros, carpinteiros, encanadores, instaladores de carpete, moldadores e modeladores de vidro, oleiros, açougueiros, barbeiros, mineiros, canteiros, pintores e mecânicos de automóveis podem apresentar risco aumentado de desenvolvimento da doença;
– Infecção pelo vírus HPV está relacionado a alguns casos de câncer de orofaringe.
Sinais e sintomas:
– Lesões (feridas) na cavidade oral ou nos lábios que não cicatrizam por mais de 15 dias, que podem apresentar sangramentos e que estejam crescendo;
– Manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca ou bochechas;
– Nódulos (caroços) no pescoço;
– Rouquidão persistente.
Nos casos mais avançados observa-se:
– Dificuldade de mastigar e de engolir;
– Dificuldade na fala;
– Sensação de que há algo preso na garganta;
– Dificuldade para movimentar a língua.
Tratamento:
Na grande maioria das vezes o tratamento é cirúrgico, tanto para lesões menores, com cirurgias mais simples, como para tumores maiores. O cirurgião de Cabeça e Pescoço é o profissional médico que vai avaliar o estágio da doença. Essa avaliação, associada a exames complementares determinarão o tratamento mais indicado. A radioterapia e a quimioterapia exclusivas são indicadas em alguns casos específicos.
A cirurgia normalmente consiste na retirada da área afetada pelo tumor associada à remoção dos linfonodos do pescoço e reconstrução, quando necessário. Nas lesões mais simples, muitas vezes é suficiente a retirada da lesão. Nos casos mais complexos, além do tratamento cirúrgico, poderá ser realizada a radioterapia para complementar o tratamento. Em todas as etapas da terapia é importante o aspecto interdisciplinar, com a participação de vários profissionais de saúde, visando a prevenir complicações e sequelas.
Prevenção:
O câncer de boca pode ser prevenido de forma simples, desde que seja dada ênfase à promoção da saúde, ao aumento do acesso aos serviços de saúde e ao diagnóstico precoce.
Hábitos saudáveis, como abstenção de fumo e de bebidas alcoólicas, dieta rica em alimentos saudáveis, boa higiene oral, uso de preservativo na prática do sexo oral, atenção a mudanças na coloração ou no aspecto da boca são comportamentos preventivos que também diminuem as chances de desenvolver a maioria das doenças malignas, inclusive os tumores na boca. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a prevenção pode ajudar a reduzir a incidência de câncer em 25% até 2025.
Fontes:
A.C. Camargo Cancer Center
Associação Brasileira de Odontologia – Regional Ponta Grossa (PR)
Instituto Nacional de Câncer (INCA)
Ministério da Saúde